DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SÍTIOS COM ENTERRAMENTOS PRÉ-HISTÓRICOS NO NORDESTE DO BRASIL

Abstract

Cada sociedade dirige suas práticas funerárias ou acomoda-se a eles de acordo com os elementos de seu universo mítico (Cisneiros, 2003). A preocupação humana em proteger ou preservar seus mortos, leva à transmissão e a perpetuação das práticas funerárias através de gerações. O ritual funerário cria e mantém o senso de conexão de um grupo social, tornando-se parte integrante dele. O lugar onde o corpo é depositado pode ser considerado um lugar de memória para o grupo, a escolha desse depositório pode estar associada a aspectos tanto ambientais quanto culturais. O objetivo da pesquisa é a caracterização geomorfológica e arqueológica dos sítios com enterramentos pré-históricos no nordeste do Brasil. Partimos da seguinte problemática: Como estão caracterizados e como se distribuem, espacialmente, os sítios com enterramentos pré-históricos no Nordeste do Brasil? Como hipótese a ser contrastada seguimos as práticas funerárias são marcadores de memória, são ritos que persistem de geração em geração e que por isso devem estar “guardados” em lugares seguros, diante dessa perspectiva esses sítios se apresentam em áreas distante das drenagens e em áreas de média vertente, o que facilitaria a conservação das estruturas funerárias. Para tanto, a Arqueologia espacial fornece a fundamentação teórica e metodológica para o estudo dos sítios e sua inserção no espaço. Análise intra-sítio e intersítio tem como objetivo observar padrões de ocupação. Em relação ao referencial teórico, foram utilizados conceitos e abordagens que convergiram para a compreensão da paisagem enquanto construção social que, dotada de valores e significados, pode ser compreendida como ocupação contínua, ou lugares específicos dessas práticas. Foram estabelecidas inicialmente para a pesquisa quatro áreas arqueológicas: Seridó, Serra da Capivara, Xingó e Agreste pernambucano. O estabelecimento das caracterizações das práticas funerárias será dada pelo reconhecimento de características recorrentes na ambiência; tipo de sítios; tipo de enterramento (primário ou secundário); acondicionamento do corpo (fossas, urnas cerâmicas ou cestarias); acomodação do esqueleto na sepultura e quantidade de indivíduos por sepultura. Em relação à hipótese pretendida na pesquisa, podemos dizer que foi parcialmente confirmada. A maior parte dos sítios estão em zonas de média e baixa vertente, porém os que estão em baixa vertente estão distantes de rios e de zonas de alagamento.