Estimativa da idade por meio da análise do desenvolvimento dos terceiros molares de uma população do nordeste brasileiro

Abstract

A Odontologia Legal tem grande importância social, visto que ajuda a elucidar dúvidas frequentes a respeito da identidade de indivíduos, estejam eles vivos ou mortos. Um dos pilares que possibilita estabelecer o perfil biológico de indivíduos é a idade, que por sua vez, tem sido amplamente estudada pelos profissionais forenses, por isso objetivo deste estudo foi validar a estimativa da idade cronológica por meio da análise dos terceiros molares em uma população do Nordeste brasileiro. Foram selecionadas 814 radiografias panorâmicas pertencentes a banco de 5000 imagens, oriundas de duas clínicas privadas de Radiologia Odontológica, sendo uma do estado da Paraíba e outra de Pernambuco. Essas imagens eram de 429 pacientes do gênero feminino e 385 de pacientes do gênero masculino, com idades entre 9,6 e 22 anos. As imagens foram avaliadas por mesmo examinador, quanto ao estágio de desenvolvimento dos dentes terceiros molares em dois momentos diferentes e na discordância, foi realizada uma terceira avaliação. O examinador desconhecia as informações sobre o gênero e idade do paciente, Os dados de cada imagem (gênero, idade cronológica e estágio de mineralização) foram tabulados para análise descritiva e inferencial pelos testes Qui-quadrado, correlação de Spermann, Shapiro-Wilk, Mann-Witnney, Kruskal-Wallis, análise de Bland-Altman (p≤0,05) e da curva ROC. Não houve diferença significativa entre as medianas das idades estimadas em relação ao dente e gênero. Comparando-se idades estimadas com a idade cronológica, todas as idades estimadas foram menores (p≤0,05). Apesar da tendência de subestimação da idade, houve correlação positiva e significativa (p≤0.05) entre a idade estimada e a idade cronológica em todos os dentes e para ambos os gênero, com valores de correlação acima de 0,860. A estimativa das medianas das idades exibiu melhor desempenho em menores idades e subestimou a partir da faixa etária de 13-13,9 (p≤0,05), exceto na faixa de idade 16-16,9 do gênero masculino (p=0,054). A média absoluta do erro foi diferente de zero (p≤0,05), com uma média de 1,42 anos em subestimar a idade cronológica podendo subestimar em até 5,04 e superestimar em até 2,20 anos. A área sob a curva variou de 0,744 a 0,788, sendo de 0,779 para todas as avaliações. O método de adaptado a uma população do Nordeste brasileiro, possui uma acurácia de 77,9% para estimar a idade sub e superestimando em até 1 ano. É confiável para estimar a idade em crianças e pré-adolescentes de até 12,9 anos. No entanto, a partir dos 13 anos, deve ser utilizado com cautela e em associação com outro método, uma vez que pode subestimar em até 5,04 anos e superestimar em até 2,20 anos, respectivamente.