Corpo, gestos e movimentos: quem trata da cultura corporal na educação infantil ?

Abstract

As práticas corporais se mostraram presentes em discussões político-educacionais e em documentos norteadores nacionais, estaduais e municipais na Educação Infantil, a um curto período de tempo, se considerarmos as sistematizações do campo de conhecimento em outros ciclos de escolarização. Entretanto, necessitamos avançar para a superação de um viés assistencialista e principalmente desenvolvimentista das expressões corporais neste nível. O presente estudo, parte da limitação histórica dos documentos norteadores da Rede Municipal de Ensino do Recife, a considerar principalmente a atualização em Recife (2021), baseado na BNCC – 2017/2018, na qual limita o conhecimento das práticas corporais a elementos ligados especificamente à coordenação motora das crianças. Para além disso, reafirmamos a necessidade da parceria entre professores(as) de Educação Física e professores(as) Polivalentes para o trato das práticas advindas da cultura corporal, estabelecendo contrapontos com o que estabelece o Ofício Circular n° 122/2015 da Secretaria de Educação do Recife. Este estudo tem por objetivo analisar o sentido e significado do acesso das crianças ao conhecimento da cultura corporal/práticas corporais para a formação cidadã humanizada. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com análise bibliográfica-documental, baseada no método pesquisa-ação e em pressupostos e conceitos-chave da Etnometodologia, na qual o instrumento de coleta utilizado foi a Entrevista Narrativa, tomando como orientação um texto norteador com os pontos chave do estudo. As entrevistas foram realizadas com os seguintes atores sociais: gestão e professores(as) polivalentes do CMEI Nosso Senhor Jesus do Bonfim, e uma professora de Educação Física atuante efetiva da Rede Municipal de Ensino do Recife. Os resultados da pesquisa caracterizaram que em uma realidade concreta, as tematizações (Jogo, Esporte, Dança, Luta e Ginástica) sistematizadas e direcionadas a cultura corporal na Educação Infantil, a partir da parceria entre docente especialista e professor(a) polivalente, potencializaram a formação integral crítico-reflexiva-humanizada das crianças. Assim como, demonstrou a negligência nas formações continuadas da Rede Municipal de Ensino do Recife em tratar temáticas referentes às práticas corporais para o ciclo de escolarização em questão, reverberando na negação ao acesso à sistematização do conhecimento da cultura corporal na Educação Infantil.