Estimativa de frequência de dicêntricos a partir da exposição a alta taxa de dose por radiação gama

Abstract

Desde a sua descoberta, a radiação ionizante tem sido utilizada amplamente na sociedade e consequentemente, este uso proporcionou o aumento da probabilidade de ocorrências de exposições ocupacionais e de acidentes que podem colocar em risco a vida da população. Na interação com o tecido biológico, a radiação ionizante pode induzir lesões em nível atômicos e moleculares, resultando em alterações cromossômicas instáveis e estáveis. Deste modo, as técnicas citogenéticas ajudam na avaliação dos danos causados pela radiação, para que as medidas e procedimentos de proteções radiológicas sejam colocadas em prática. O objetivo deste trabalho foi analisar através da técnica de dicêntrico, as alterações cromossômicas em linfócitos humanos após exposição à radiação gama de alta taxa dose. Para tal, o sangue de um voluntário foi coletado, separada em três alíquotas de sangue, sendo, uma considerada controle (não irradiada) e mantida à temperatura ambiente do laboratório (20 - 22 °C), e duas alíquotas, consideradas amostras irradiadas. As amostras irradiadas foram expostas a uma fonte de 60Co (irradiador Gammacell 220) localizada no Departamento de Energia Nuclear (DEN-UFPE) com taxas de dose de 17,8 Gy/min, com diferentes doses 2 Gy e 3 Gy respectivamente. Após o processo de irradiação, os linfócitos das amostras foram cultivados em meio de cultura no Laboratório de Dosimetria Biológica do Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN) para obtenção de preparações citológicas para análises das alterações cromossômicas. Em seguida, as lâminas foram confeccionadas a partir do precipitado de células ressuspenso em solução fixadora, para verificar a existência de alterações cromossômicas, tais como cromossomos dicêntricos, em anel e os fragmentos acêntricos isolados. Os dados obtidos para cada dose absorvida foram testados por meio do teste u de Papworth, a fim de verificar se a distribuição celular referente a cada dose exposta se comportava conforme a distribuição de Poisson. Os resultados encontrados da frequência das alterações cromossômicas foi 0,155 no sangue irradiado com 2 Gy, 0,203 no de 3Gy e 0 no sangue controle, confirmando a especificidade e sensibilidade do ensaio do cromossomo dicêntrico para diferenciar amostras irradiadas de não irradiada.