Avaliação da preferência alimentar, composição corporal e parâmetros bioquímicos da prole de ratas fêmeas submetidas a dieta cetogênica na lactação

Abstract

Introdução: Modificações dietéticas em períodos críticos de desenvolvimento, como o aumento no alto teor de gordura e baixo teor de carboidrato, a exemplo da dieta cetogênica no período lactacional, pode associar-se a mudanças na preferência alimentar na fase adulta. Objetivo: Avaliar os efeitos da dieta cetogênica durante a lactação sobre peso corporal, consumo e preferência alimentar e parâmetros bioquímicos na prole fêmea adulta. Materiais e Métodos: Foram utilizadas 16 ratas Wistar nulíparas obtidas na colônia do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os grupos experimentais foram formados de acordo com a dieta ofertada durante a lactação das ratas nutrizes: Grupo Controle (GC, n=8) no qual as ratas lactantes receberam dieta AIN-93G (GC;3,6cal/g, 18% proteínas, 63% carboidratos e 19% de lipídios) e o Grupo Cetogênico (GK, n=8) no qual as ratas lactantes receberam dieta cetogênica (5,4cal/g; 19% proteínas, 10% carboidratos e 71% de lipídios).Os filhotes dos grupos foram designados: Grupo Controle Fêmea (GCF, n=15) e Grupo Cetogênico Fêmea (GKF, n=15). Após o desmame, a prole de ambos os grupos receberam dieta comercial até os 120 dias de vida. Nos filhotes fêmeas in vivo, foram quantificados o peso corporal e o consumo alimentar. Aos 90 dias de vida os filhotes foram submetidos aos testes de tolerância à glicose (GTT) e testes de tolerância à insulina (ITT). Aos 120 dias de vida pós-natal, os filhotes foram submetidos a um teste de preferência alimentar com três tipos de dietas: hiperlipídica, hiperglicídica e hiperproteica. ~ 130 dias pós-natal os filhotes foram eutanasiados e foram analisados o peso úmido dos órgãos e composição bioquímica do soro sanguíneo. Para as análises estatísticas os resultados foram expressos em média e desvio padrão, considerou-se p<0,05. Resultados: Não houve alteração de peso entre os grupos GCF E GKF durante o período da lactacional, como também não houve diferença no peso nas idades de 30, 60 e 90 dias e após o teste de preferência alimentar. No teste de preferência alimentar, foi observado um menor consumo de dieta hiperglicídica no grupo GKF. Nos testes de tolerância, o GKF apresentou maior concentração de glicose plasmática no ponto de tempo de 60’; No ITT o GKF apresentou maior concentração de glicose plasmática nos pontos de tempo 0’ e 30’, o que acarretou uma maior área sob a curva glicêmica para este grupo. Acerca dos pesos úmidos dos órgãos, o GKF apresentou maior peso da gordura visceral.Conclusão: A exposição materna a dieta cetogênica rica em gordura saturada durante a lactação levou à alteração da glicemia mediante testes de tolerância à glicose e à insulina na prole, um aumento de gordura visceral, assim como uma diminuição considerável no consumo da dieta hiperglicídica no teste de preferência alimentar.