Modelagem da distribuição da rã-cuidadora, Allobates olfersioides (Anura, Aromobatidae), na Mata Atlântica nordestina : implicações para a conservação de uma espécie vulnerável

Abstract

Modelos de Nicho Ecológico são algoritmos matemáticos que permitem predizer as áreas mais adequadas para a ocorrência de uma espécie em um espaço geográfico através das teorias de nicho. A Mata Atlântica é o bioma brasileiro historicamente mais fragmentado e degradado, acarretando ameaças a diversos grupos de espécies. Dentre os mais ameaçados, estão os anfíbios anuros, principalmente as espécies mais florestais. O objetivo desse trabalho foi avaliar as áreas com maior adequabilidade de habitat para a espécie ameaçada de rã-cuidadora, Allobates olfersioides (Família Aromobatidae), na Mata Atlântica nordestina do Brasil, para entender quais os principais fatores que afetam sua distribuição e propor estratégias para sua conservação. Os registros de ocorrência foram obtidos através de plataformas online, dados de literatura, espécimes da Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Pernambuco e de registros feitos em campo. Foi criado um modelo de nicho utilizando a Região Nordeste como background e um conjunto de variáveis bioclimáticas da base WorldClim, Índice de Vegetação Ajustado (EVI) e inclinação do terreno, através do algoritimo MaxEnt. Foi avaliado quais os preditores mais importantes para o modelo e as diferenças entre a distribuição o modelo e a sugerida pela União Internacional para a Conservação da Biodiversidade (IUCN), além de calculada a área de distribuição do modelo incluída em Unidades de Conservação (UC). Foram encontrados registros de A. olfersioides no Estado de Pernambuco, ampliando o limite latitudinal norte de sua distribuição. As áreas com maior adequabilidade ambiental foram restritas a áreas de floresta atlântica, não se estendendo para outros biomas. Porém, há grandes lacunas geográficas entre algumas áreas de habitat adequado à espécie. Os preditores mais importantes de habitats adequados foram relacionados à precipitação do trimestre mais frio, do quarto mais quente e a temperatura do trimestre mais seco. A área de maior adequabilidade ambiental foi menor que a área proposta pela IUCN e está geralmente fora de UCs. Ações de conservação para a espécie deveriam priorizar a conectividade entre fragmentos de Mata Atlântica existentes e o estabelecimento de áreas protegidas fora de UCs, utilizando modelos que diferenciam áreas com maior potencial de ocorrência para a escolha dos locais prioritários.