Frades no Sertão: o estatuto da Província de Santo Antônio do Brasil e os casos de transgressão

Abstract

O presente artigo tem como objetivo compreender a atuação dos franciscanos nos sertões brasileiros entre os anos de 1705 e 1746, analisando os Estatutos da Província como elemento de regulamentação institucional da ordem. Para tanto, serão investigadas as transgressões cometidas pelos frades no contexto dos sertões da Província de Santo Antônio do Brasil, bem como as punições aplicadas, visando entender melhor como a ordem franciscana se estabeleceu e se desenvolveu no nordeste do Brasil colonial. Em um primeiro momento, este trabalho busca compreender o contexto da formação da Província de Santo Antônio do Brasil, a partir do conceito de Confessionalização de Schilling e Reinhard, e seus Estatutos, especialmente o de 1709. Por fim, propõe-se uma discussão a respeito dos alcances e limites dos Estatutos da Província e de como eles foram efetivamente aplicados pelos frades nos sertões. Para isso, serão utilizados casos de transgressões indicados em uma análise documental, que se utilizará do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg para lançar um novo olhar sobre este fenômeno. Espera-se, assim, contribuir para o debate sobre a atuação das ordens religiosas no Brasil colonial e sobre a aplicabilidade das regras e estatutos destas organizações na Época Moderna.