Parâmetros do sono, nível de atividade física e comportamento sedentário em pacientes pós COVID-19

Abstract

A COVID-19 é uma doença recente e suas consequências nos diversos sistemas do corpo humano ainda permanecem pouco esclarecidas, principalmente as repercussões em longo prazo sobre os parâmetros do sono, o nível de atividade física e o comportamento sedentário. Determinar a associação entre os parâmetros do sono, o nível de atividade física e o comportamento sedentário em pacientes pós COVID-19. Trata-se de um estudo observacional de corte transversal, realizado de janeiro de 2021 a março de 2022 mediante aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) com seres humanos sob parecer 4.445.795. A amostra foi do tipo não probabilística por conveniência e os dados foram coletados de forma presencial no ambulatório de Reabilitação Pulmonar do Hospital Otávio de Freitas (HOF). Foram incluidos indivíduos de ambos os sexos, na faixa etária dos 30 aos 70 anos com diagnóstico de COVID- 19 com até 6 meses do diagnóstico. Os voluntários preencheram uma ficha de avaliação inicial e responderam questionários. Para avaliação de sonolência diurna excessiva a escala de sonolência de Epworth (ESE) foi utilizada, para avaliação subjetiva da qualidade de sono o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e para o nível de atividade física pelo Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ-versão curta). Além disso, os participantes utilizaram um monitor de movimento (FitBit) durante 7 dias para avaliação de parâmetros do sono e do nível de atividade física de maneira objetiva. Os dados foram analisados em média, desvio padrão, mediana e intervalo interquartil e utilizado um nível de significância de p<0,005. Para avaliar o grau da relação as variáveis numéricas, foi realizado o coeficiente de correlação de Pearson em dados de distribuição normal ou correlação de Spearman em dados de distribuição não normal e o teste t-Student para a hipótese de correlação nula. A verificação da normalidade foi realizada pelo teste de Shapiro-Wilk e a igualdade de variâncias foi através do teste F de Levene, além disso foi realizada regressão linear nas variáveis que apresentaram correlação para estimar o valor esperado das variáveis dependentes. Foram analisados os dados de 44 participantes, a maioria era do sexo feminino (63,6%) e obesos (47,7%). A maioria foi classificada com qualidade de sono ruim (77,3%), a média do PSQI para amostra total foi 8,7 ± 4,6, caracterizando qualidade do sono ruim, boa eficiência do sono (87,2% ± 3,8%) e não presentaram SDE (8,5 ± 4,8), 59,1% foram classificados como fisicamente ativos (análise subjetiva). O tempo sedentário médio da amostra foi 13,2 horas, classificada como alto comportamento sedentário. Houve correlação negativa entre tempo total na cama (p=0,030) e tempo total de sono (p=0,035) e a realização de minutos de atividade leve e assim, verificou-se que a realização de minutos de atividade leve é preditora do tempo total do sono (r2= 0,085; p<0,001) e tempo total na cama (r2= 0,106; p<0,001). No presente estudo, houve associação entre tempo total na cama e tempo total de sono e o tempo de realização de atividades de intensidade leve. No entanto, não houve associação entre os parâmetros do sono e o comportamento sedentário nos pacientes pós COVID-19.