Estrutura da comunidade e alimentação de anfíbipodes associados à Sargassum SSP. no mediolitoral de Recife de arenitos em Suape / PE - Brasil

Abstract

A praia do Paraíso está localizada na Baía de SUAPE, litoral sul de Pernambuco. Região com grande atividade pesqueira, elevada influência marinha e continental, e com muitas frondes de Sargassum spp., potencial abrigo para uma variedade de organismos bênticos. Atualmente, faltam informações sobre a dieta de grupos de pequenos crustáceos que habitam as águas brasileiras. Este estudo teve como objetivo a investigação da estrutura da comunidade de anfípodes, em diferentes parâmetros sazonais, bem como analisar a dieta destes taxa associados a macroalga do gênero Sargassum. Nas coletas foram estabelecidos quatro pontos de amostragem. Em cada um deles foram coletadas três frondes de Sargassum spp. As frondes foram lavadas em campo, com o auxílio de bandejas, e o material foi conservado em formol a 4% tamponado com tetraborato de sódio. Foram quatro coletas para o período chuvoso (maio e julho/2018, junho e agosto/2019) e quatro para o período seco (dezembro/2018, janeiro/2019 janeiro e fevereiro/2020). Nos dados abióticos, foram obtidas temperatura, salinidade e pluviosidade. As análises realizadas para estudar a estrutura da comunidade (diversidade e densidade) e aferir as influências abióticas nos resultados foram: Análise de componentes principais (PCA), análise de correspondência canônica (CAP), PERMANOVA, Equitabilidade de Pielou (J’), Dominância de Simpson(1-Lambda), diversidade de Shannon (H’), Riqueza de Margalef (d) e MDS. Na análise de conteúdo estomacal, selecionou-se 60 indivíduos (30 de cada estação). Cada exemplar foi dissecado, retirado o trato digestivo e seu conteúdo analisado sob microscópio ótico. O teste de PCA observou-se maior influência da pluviosidade no período chuvoso, e da salinidade e temperatura no período seco, já no teste CAP observou-se maior influência do parâmetro pluviosidade e temperatura nos dados bióticos. Os gêneros de anfípodes que apresentaram dominância nas coletas foram: Gammaropsis, Ampithoe e Cymadusa. Os maiores índices de diversidade e densidade foram registrados no período seco, o qual tende a favorecer o crescimento de algas epífitas, que por sua vez potencializa recrutamento de novos exemplares. A maioria dos organismos analisados foram classificados como onívoros (com exceção do Lembos e Batea), sendo registrados os alimentos: matéria orgânica não identificada, material vegetal (macroalga e diatomácea), material animal (platelmintos, célula animal e protozoários), sedimento 8 e microplástico. Registrou-se contaminação por microplástico em todos os organismos analisados. Os maiores níveis de contaminação por microplástico tendem a ocorrer em períodos chuvosos. A ingestão de microplástico pode estar relacionado ao carreamento destes materiais no período chuvoso por parte do aporte estuarino. Foi observada mudança no hábito alimentar em dois gêneros entre o período chuvoso e seco, Quadrimaera passou a ser onívoro no período seco e herbívoro no período chuvoso, já para o Ericthonius se registrou o oposto. Houve diferenças significativas na porcentagem de conteúdo estomacal em função dos períodos de coleta e itens alimentares. Tais resultados indicam que o conteúdo registrado entra na teia trófica através dos anfípodes que são consumidores secundários (animais detritívoros e herbívoros) e que estes são fortemente influenciados por alterações sazonais, tanto em sua alimentação como na estrutura da comunidade.