Efeitos do estresse causado pela separação materna sobre o tamanho da refeição e a ativação neuronal no núcleo accumbens

Abstract

O período inicial da vida é um estágio determinante para o desenvolvimento, neste momento fatores ambientais possuem grande importância e, por isso, este momento necessita de investigação quanto à questões como o comportamento alimentar. Desta forma, este trabalho teve como objetivo analisar os efeitos do estresse causado pela separação materna sobre o tamanho da refeição e a ativação neuronal do Núcleo Accumbens em ratos Wistar. Para esta avaliação foi realizado um estudo experimental em que, um grupo foi submetido à separação materna durante de 14 dias, do dia pós-natal 2 (PND2) ao PND 14, a separação teve a duração de 3h e aconteceu das 8h às 11h. Após esse período os animais permaneceram com suas mães até o desmame, no PND 22. Os animais foram, então, submetidos a uma situação estressora durante 21 dias a partir do 60º dia de vida. Este estresse consistiu na exposição, olfativa e visual, do animal a um alimento palatável sem a possibilidade de consumo, por 20 minutos. No último dia, o dia 81, após a exposição, foi permitido o consumo durante 1h. Em seguida, foi quantificado o tamanho da refeição através da: 1) subtração entre a quantidade ofertada e rejeitada; 2) multiplicação pelo valor em calorias e 3) divisão pelo peso do animal. Após a ingestão do alimento os animais foram submetidos à eutanásia pelo método de perfusão, preservando seu encéfalo. Estes foram criosseccionados e os cortes contendo o Núcleo Accumbens foram marcados através da imunohistoquímica. A ativação neuronal do Núcleo Accumbens foi avaliada pela expressão da proteína FOS através da imunohistoquímica. Os resultados demonstraram que houve diminuição no tamanho da refeição com a dieta palatável pelo grupo separado (C: 355,9 ± 29,9 vs SM: 316,9 ± 38,6, n=10-11, p = 0,0175) e que a ativação neuronal do Núcleo Accumbens em resposta ao estresse foi semelhante em ambos os grupos. Portanto, foi possível concluir que a separação materna somada ao estresse alimentar diminui o tamanho da refeição sem alterar a ativação neuronal no Núcleo Accumbens, indicando que a dupla exposição ao estresse em diferentes fases do desenvolvimento, altera o comportamento alimentar em longo prazo, diminuindo o tamanho da refeição, quando quantificada caloricamente.