CO2 system parameters in estuaries of Pernambuco

Abstract

Dióxido de carbono (CO2) vem sendo emitido intensamente para a atmosfera e para os oceanos como consequência de atividades antrópicas, e as águas estuarinas são um componente importante e pouco estudado destas estimativas por ser fonte de CO2 para a atmosfera. Este trabalho avalia a variabilidade espaço-temporal dos parâmetros do sistema carbonato sob a influência de marés, gradientes de salinidade e processos biogeoquímicos em seis estuários de Pernambuco. A alcalinidade total apresentou comportamento não-conservativo no Canal de Santa Cruz, foz da Barra Orange e estuário do Rio Capibaribe, onde este apresentou variabilidades causadas principalmente por processos biogeoquímicos e atividades humanas, resultados sugeridos pelos altos valores de nutrientes (compostos nitrogenados e fosfatados) associados à poluição. Todos os quatro estuários estudados em 2019 (rios Jaboatão, Ipojuca, Sirinhaém e Formoso) estão supersaturados com relação ao CO2 (exceto rio Sirinhaém em 17 de maio), dos quais as fontes mais intensas foram encontradas na estação mais interna, no rio Ipojuca, de caráter oligohalino e eventualmente fluvial (pCO2 ≥ 10770,1 μatm). O único efeito biológico sobre os parâmetros do sistema carbonato dos estuários estudados em 2019 foi observado no rio Jaboatão, entre 8 de abril e 17 de maio, quando uma queda no pH de 8,01 para 7,17 foi associada a um estado eutrófico (Chl-a = 30,58 mg m3). Ainda assim, para cada estuário, o regime de marés foi o principal fator influenciando o sistema carbonato. Apesar da supersaturação de CO2 esperada para os estuários estudados, algumas amostras podem apresentar valores erroneamente calculados de pCO2 usando o modelo clássico de alcalinidade total, o qual não considera a contribuição de compostos orgânicos para a alcalinidade da água (alcalinidade orgânica). Os resultados deste trabalho sugerem que os impactos antrópicos geram distúrbios em padrões naturais dos parâmetros do sistema carbonato em águas estuarinas. Ademais, mais estudos que investiguem a capacidade de tamponamento de águas estuarinas são necessários para entender suas dinâmicas do CO2, os quais levarão a descrições mais precisas e a novos argumentos que promoverão a implementação por tomadores de decisão locais de políticas mitigatórias acerca da poluição de águas estuarinas.