Aspectos clínicos e imunológicos da Síndrome pós-COVID-19

Abstract

Desde seu início, a pandemia de COVID-19 já proporcionou uma série de estudos que forneceram, cada vez mais, a compressão de sua fase aguda. Nesse sentido, já é sabido que embora tenha sido conceituada como uma doença, majoritariamente, respiratória, suas complicações podem afetar diversos órgãos e sistemas deixando sequelas. Em uma parcela considerável de casos, sobretudo naqueles pacientes que evoluem para casos críticos, estas sequelas tendem a persistir de semanas a meses gerando limitações na retomada das atividades cotidianas com dor contínua, limitação do movimento, fadiga, incontinência, disfagia, ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e limitações cognitivas. Sendo assim, quando esse quadro sintomático perdura por mais de dois meses, por conceituação da Organização Mundial de Saúde, chama-se síndrome pós-COVID ou COVID longa. Assim, esta revisão visa então, realizar um compilado explicativo de sequelas pós-COVID-19 nos diversos órgãos e sistemas trazendo ainda algumas das propostas de tratamento existentes até o momento. Para isso, foi-se realizada uma pesquisa bibliográfica de artigos científicos publicados em meios eletrônicos nas seguintes bases de dados: PubMed; Web of Science; MEDLINE; SciELO; e Science direct. Os critérios de inclusão desse estudo foram: publicações em revistas de considerado impacto científico no período de 2021 e 2022, redigidos, preferencialmente, na língua inglesa. Foram excluídos artigos pioneiros, duplicados, trabalhos de conclusão de curso, além de resumos publicados em eventos científicos, teses, dissertações e artigos que não abordassem o tema. Mediante analise, obteve-se que a COVID-19 pode estar relacionada a processos fibróticos pulmonares que podem persistir e gerar tosse, dispneia e baixa resistência ao exercício por períodos prolongados pós-alta. Lesões cardíacas agudas, arritmias, taquicardias e distúrbios trombóticos também podem persistir nos pacientes, principalmente, naqueles que sofreram internamento. Além disso, a desregulação do sistema renina angiotensina aldosterona, promove estresse renal e cardíaco gerando lesão renal aguda que, por sua vez, promove retroalimentação com lesão e inflamação miocárdica podendo, nesse sentido, gerar disfunções cardíacas a longo prazo. No sistema gastrointestinal, a possibilidade de reservatório ainda é uma incógnita, porém, processos de disbiose estão associadas a COVID-19. Já no sistema nervoso, sequelas neurológicas e neuropsiquiátricas podem surgir podendo estar associadas ou não a neuropatias de cunho motor. Quanto ao tratamento, as propostas farmacológicas ainda parecem não trazer benefícios, com exceção, do uso precoce de corticoides e de anticoagulantes. Por fim, a reabilitação multifocal é altamente recomendado, além da vigilância contínua a fim de promover mitigação dos efeitos das unidades de saúde.