Isolamento e caracterização da xilana das folhas e galhos de Protium puncticulatum e sua aplicação como antioxidante

Abstract

Os radicais livres são produzidos naturalmente no organismo, mas quando em desequilíbrio com os antioxidantes causam o estresse oxidativo, envolvido com várias doenças capazes de causar problemas no sistema imunológico e o aparecimento das doenças crônicas não transmissíveis. Assim, os antioxidantes são muito estudados por sua capacidade de controlar a produção dos radicais livres, manter a homeostase e diminuir o risco de desenvolvimento dessas doenças. Muito se discute sobre a busca por novas fontes com potencial ação antioxidante, que ultimamente tem sido relatada nas plantas, e mais recentemente em polissacarídeos. Por isso, o objetivo deste trabalho foi extrair e caracterizar duas xilanas de galhos e folhas da espécie Protium puncticulatum e avaliar a atividade antioxidante in vitro promovida, em comparação com padrões de ácido ascórbico e hidroxitolueno butilado, tendo como controle a xilana da madeira de bétula (comercial). Para tal, foi realizada a análise de composição química dos galhos e folhas, extração das xilanas, caracterização física e química, por espectroscopia de reflexão total atenuada no infravermelho com transformada de Fourier (ATR-FTIR), comportamento de degradação térmica e determinação de fenólicos totais presentes na estrutura. Por fim, os testes de atividade antioxidante in vitro de redução de radicais DPPH, sequestro do radical ABTS•+, poder redutor de íons ferro e do molibdênio. A xilana das folhas apresentou maior teor de hemicelulose (24,57%), os rendimentos das xilanas foram de 24,32% nos galhos e 19,57% nas folhas. A ATR-FTIR permitiu a determinação dos grupos funcionais das xilanas de galho e folha de Protium puncticularum e da xilana de madeira de bétula, observando bandas em 3700-3000 cm-1 de grupos OH, 2936-2920 cm-1 relacionadas ao estiramento simétrico do CH, 1620 cm-1 da flexão da ligação O-H, 1420-1310 cm-1 das vibrações da flexão de C-H, OH ou CH2, entre 1175 a 100 cm-1 do estiramento das ligações C-O, C-C, C-O e CO-C e 897−890 cm-1 do estiramento e deformação das ligações relacionadas às hemiceluloses, de ligação β-glicosídicas. A análise e derivada termogravimétrica apresentaram três estágios de degradação térmica, 35 a 160 °C da perda de teor de umidade/água, 170 °C a 350ºC decomposição térmica em moléculas menores e 350 ºC a degradação. A atividade antioxidante in vitro, promoveu baixos resultados. Para o ensaio de redução de radicais DPPH, variaram em 10%. Captura de radicais ABTS o percentual foi entre 30-35,9%. Foram capazes de reduzir o complexo de fosfomolibdênio, com valores menores que 6%. E não foram capazes de reduzir íons ferro. Também apresentaram baixos teores de fenólicos em sua estrutura (<0.1 ng EAG/g xilana). A atividade antioxidante das xilanas está relacionada com a estrutura química, e polissacarídeos sulfatados, fosforilados e acetilados parecem apresentar melhores resultados. Assim, as xilanas obtidas nesse estudo apresentam-se aptas a passar por modificações estruturais como sulfatação, fosforilação e acetilação, tendo em vista que pode proporcionar resultados antioxidantes mais significantes, para a realização de futuros testes e aplicações.