A influência dos fatores socioeconômicos e sociodemográficos na saúde mental e a percepção sobre a utilização de plantas medicinais no tratamento da ansiedade e depressão no Brasil

Abstract

A ansiedade e a depressão são as desordens mentais mais prevalentes no mundo, com o Brasil liderando o número de casos. A etiologia dos transtornos ansioso e depressivo é multifatorial, sendo influenciado por fatores psicológicos, biológicos e ambientais, com os tratamentos visando a regulação das vias afetadas e superação de possíveis traumas associados através da medicação e da terapia. Contudo, a demora para o início da melhora do quadro, o custo e presença de efeitos adversos, levam alguns pacientes a migrarem ou associarem o tratamento moderno ao tratamento tradicional com plantas medicinais. Evidências sugerem a atividade ansiolítica e antidepressiva de algumas plantas, com um dos mecanismos de ação sendo mediado pela presença de metabólitos secundários. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar a influência de fatores socioeconômicos e sociodemográficos na apresentação da ansiedade e/ou depressão e na percepção sobre o uso de plantas medicinais nessas desordens. Para isso, foi aplicado um questionário (via Google Forms) contendo 24 perguntas, com o recrutamento dos participantes ocorrendo através das mídias sociais dos pesquisadores. Foram coletadas 162 respostas, das quais 157 foram incluídas na primeira análise (perfil social x ansiedade e/ou depressão) e 154 na segunda análise (perfil social x percepção da eficácia de plantas medicinais). Os resultados demonstraram associação do sexo biológico (p < 0.05) com a ansiedade e a depressão, sendo mais prevalente em mulheres. Enquanto isso, participantes da região Nordeste (p < 0.05) demonstraram maior percepção de eficácia do tratamento alternativo, o que pode estar relacionado com questões culturais e geográficas. Também foi observada uma tendência ao uso de produtos herbais sem indicação profissional, destacando a prevalência da automedicação e o papel da transmissão do conhecimento popular, com a literatura científica apresentando informações escassas e incompletas sobre as plantas utilizadas pelos participantes. Diante disso, fica evidente a influência dos fatores socioeconômicos e sociodemográficos no desenvolvimento da ansiedade e da depressão e na percepção sobre a utilização de plantas medicinais. Além disso, há uma necessidade de mais investigações quanto aos mecanismos de ação, efeitos adversos e segurança dos produtos herbais.