Estudo sedimentar atual e distribuição da matéria orgânica sedimentar na plataforma continental interna e média de Pernambuco

Abstract

As plataformas continentais são ambientes dinâmicos, e sua extensão abaixo da linha d’água encontra-se associada ao movimento eustático do nível do mar. As variações eustáticas do mar em conjunto com os diversos mecanismos de transporte e deposição de sedimentos fazem com que o material depositado seja um registro histórico do ambiente. A matéria orgânica é um dos componentes do sedimento, seu estudo possibilita uma valiosa colaboração para os ciclos biogeoquímicos que ocorrem na natureza. O objetivo geral deste trabalho visa analisar a sedimentologia e as características da matéria orgânica sedimentar da PCPE, relacionando com a granulometria dos sedimentos e composição da fração arenosa e dos teores de carbonato de cálcio. Para os 856 pontos de coleta, distribuídos em 107 perfis perpendiculares à linha de costa, foram analisados os conteúdos de matéria orgânica total, carbonato de cálcio. Para mensurar os teores de carbono orgânico e nitrogênio total, as razões isotópicas de δ13C e δ15N, e as razões elementares C/N para descrição geoquímica dos sedimentos, utilizou-se de uma malha de 140 amostras distribuídas ao longo da área de estudo. Foram executadas também análises de correlação (Spearman), componentes principais (PCA). A região da plataforma continental interna e média de Pernambuco pode ser caracterizada como uma plataforma mista, composta por uma cobertura de sedimentos siliciclásticos, carbonato-siliciclásticos e carbonáticos (CaCO3>50%), e que abriga uma série de compartimentos de relevo tais como: bancos de rochas de praias e de recifes de corais, vales incisos e paleolinhas de costa. A PCPE apresenta a predominância de sedimentos arenocascalhosos (predomínio ente 40% à 60% de ambos) bioclásticos, pobremente selecionados com baixos teores orgânicos (MOT predominante -21 e δ15N>8 – contendo a presença de manchas com material continental nas zonas mais costeiras e nas regiões de canais, indicando que este material foi carreado por meio dos canais adjacentes as zonas mais longe da costa. Em linhas gerais, os dados batimétricos mostram a presença de canais ao longo de toda região em estudo, associado às desembocaduras dos rios, que possuem potencial de reter material mais fino e de carrear material continental para a parte mais distal da linha de costa. O predomínio de uma cobertura carbonática associado a uma matéria orgânica de origem marinha, evidenciam que os aportes costeiros são baixos, e que o material sedimentar é de origem autóctone, e retrabalhada de acordo com os ciclos biogeoquímicos da área em estudo.