As implicações das políticas públicas de artesanato para o desenvolvimento local: um estudo da percepção dos atores do Programa de Artesanato pernambucano

Abstract

Nas últimas décadas, os setores criativos ganharam destaque nas agendas governamentais, principalmente, com a formulação de políticas públicas direcionadas para projetos de desenvolvimento local. Diante disso, esse estudo tem como objetivo analisar as implicações das políticas públicas de artesanato para o desenvolvimento local, a partir da percepção dos atores do Programa do Artesanato Pernambucano (PAPE), enfatizando as dimensões econômica, social e cultural. O estudo é uma pesquisa qualitativa básica, cuja análise de dados foi realizada através da Análise de Conteúdo. Para tanto, foram realizadas entrevistas com artesãos, o gestor do programa e um membro da curadoria. Os resultados da pesquisa apontam para algumas fragilidades do programa, sobretudo, com relação à articulação dessas políticas no Estado, seja pela dificuldade no diálogo entre os atores, ou ainda, pela dificuldade de articulação do programa com outras instâncias de governo. Vale considerar também o direcionamento que o programa tem seguido, voltando-se para o artesanato enquanto atividade empreendedora. Nesse aspecto, a empresarização do artesanato pode comprometer os resultados dessas políticas, desviando as ações do programa das principais problemáticas que estão relacionadas à atividade. Na esfera cultural, por exemplo, os conflitos em torno da comercialização dos produtos artesanais ficam ainda mais evidentes, especialmente, devido às ressignificações dadas ao artesanato. De todo modo, o PAPE tem apresentado resultados positivos em relação à melhoria da renda dos artesãos, ao fortalecimento do turismo no Estado e ao escoamento do produto artesanal pernambucano. Esses resultados são refletidos em outros aspectos como: inclusão social, valorização do trabalho artesanal, ampliação da autonomia financeira das mulheres e o fortalecimento da identidade cultural local.