Estado nutricional e indicadores antropométricos de risco cardiovascular de pacientes com diagnóstico de fenilcetonúria atendidos em um Serviço de referência do Nordeste Brasileiro

Abstract

A fenilcetonúria (FNC) é uma patologia genética autossômica recessiva caracterizada pela deficiência da enzima hepática fenilalanina hidroxilase cujo tratamento é exclusivamente dietético. Estudos atuais ressaltam a possibilidade da população com diagnóstico de FNC apresentar maior susceptibilidade ao excesso de peso em comparação com a população hígida. Associam-se a esse distúrbio nutricional enfermidades como as doenças cardiovasculares, que implicam em maior morbimortalidade na população afetada. Identificar indivíduos com risco de apresentar eventos cardiovasculares adversos é importante para adotar intervenções precocemente para promoção da saúde e prevenção de agravos. O objetivo da presente investigação foi avaliar o estado nutricional e indicadores de risco cardiovascular de pacientes diagnosticados com fenilcetonúria atendidos em um Serviço de Referência do Nordeste brasileiro. Trata-se de um estudo transversal realizado em um Hospital de Referência para atendimento de pacientes pernambucanos portadores de Fenilcetonúria, onde foram coletadas variáveis comportamentais, socioeconômicas, demográficas e antropométricas (peso e estatura com cálculo do índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal (CA), circunferência do pescoço (CP) e razão cintura/estatura (RCEst)). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, CEP da Universidade Federal de Pernambuco do Centro de Ciências da Saúde / UFPE- CCS, nº CAAE: 82599417.0.0000.5208. A amostra foi composta por 31 pacientes com idades entre 4 meses e 16 anos e 4 meses. Concernente aos dados econômicos e demográficos, 64,5% da amostra possui renda familiar relativamente baixa e 51,6% reside no interior do estado, enquanto que, com base nas informações comportamentais, 75% dos indivíduos são fisicamente inativos. A prevalência de excesso de peso foi de 29,03% e, a ocorrência de alto risco cardiovascular (RCV) variou entre 48,4 e 5,9%, quando avaliados pela RCEst e CP, respectivamente. Ademais, verificou-se significância estatística ao associar o indicador IMC para idade com a RCEst (p= 0,006) e com a CA (p= 0,003), demostrando que os indivíduos eutróficos apresentaram baixo RCV. Os resultados encontrados evidenciaram que, apesar de a maior parte dos pacientes diagnosticados com FNC terem apresentado baixo RCV, as prevalências visualizadas tanto de risco para desfechos cardiovasculares deletérios como de excesso de peso são elevadas e precisam ser consideradas devendo-se, portanto, adotar medidas preventivas visando à obtenção de adequado estado nutricional a fim de se evitar o sobrepeso e obesidade e morbidades relacionadas.