Gênero, trabalho e poder: uma análise sobre a secretária executiva

Abstract

As relações históricas de desigualdade de gênero no mercado de trabalho podem influenciar na desvalorização simbólica e concreta de profissões majoritariamente femininas, afetando seu prestígio social, nível hierárquico e reconhecimento institucional (Hirata, 2002). Nesse sentido, este estudo busca analisar a influência das relações de gênero nas dinâmicas de trabalho e poder no secretariado executivo, com foco na construção simbólica da figura da secretária e nas barreiras à sua ascensão profissional. O método qualitativo possibilita a compreensão de construções simbólicas e desigualdades de gênero historicamente enraizadas nas profissões femininas (Scott, 1995), com uma revisão bibliográfica em artigos científicos, coletados na base de dados CAFe via portal de periódicos da CAPES, a partir de dados analisados por meio da Análise de Conteúdo, seguindo as fases de i) pré-análise, ii) exploração do material e iii) tratamento dos resultados (Bardin, 1977), pretendeu-se buscar sentidos arraigados nas desigualdades de gênero (Fraser, 2002), adequando-se o método, portanto, à problemática deste artigo. A partir desta análise, compreendeu-se que a identidade profissional no secretariado executivo é construída por discursos históricos e sociais que reproduzem estereótipos de gênero, vinculando a figura da secretária a atributos como cuidado e subordinação. Essa construção simbólica contribui para a desvalorização da profissão e para a invisibilidade de suas competências técnicas e gerenciais. Nesta perspectiva, concluiu-se que as barreiras à ascensão profissional de mulheres no secretariado executivo está enraizada não apenas em estruturas institucionais, mas também em construções simbólicas que associam a função aos papéis de gênero tradicionalmente femininos. Tais barreiras reforçam a desvalorização do trabalho desempenhado por essas profissionais, dificultando seu reconhecimento e limitando o acesso a posições de maior responsabilidade e prestígio, mesmo diante de qualificação técnica ou experiência, o que requer, de forma complementar, uma compreensão aprofundada das estruturas patriarcais e capitalistas que desvalorizam o trabalho feminino.