Do sonho à prática: um estudo sobre motivações e aspirações de estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPE

Abstract

Este trabalho tem como objetivo geral compreender como as experiências subjetivas de estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPE se articulam com o surgimento e a consolidação de práticas profissionais voltadas ao impacto social na Região Metropolitana do Recife (RMR). Para isso, Estrutura-se em três objetivos: compreender como as contradições urbanas de Recife impulsionam uma geração movida pela transformação; entender a atuação do arquiteto a partir de sua formação, perfil e motivações; e investigar práticas de impacto social na RMR, considerando sua origem e continuidade. O trabalho parte do reconhecimento de que Recife é marcada por desigualdades históricas que afetam seus moradores e a vivência acadêmica. A ampliação do acesso ao ensino superior por meio da Lei de Cotas tem reconfigurado o perfil discente, trazendo pessoas de contextos vulneráveis, com maior sensibilidade e desejo de transformação. Essas trajetórias ajudam a explicar o surgimento de iniciativas profissionais criadas por arquitetos e urbanistas inconformados com os modelos tradicionais da profissão. A fundamentação dialoga com três eixos: o papel social do arquiteto e urbanista e as transformações na prática profissional; os dados sobre o ensino superior público e a diversidade estudantil; e os debates sobre empreendedorismo social e inovação territorial. A pesquisa combinou métodos quantitativos e qualitativos, com revisão bibliográfica, aplicação de formulário com estudantes da UFPE, análise de dados institucionais sobre cotas e entrevistas com quatro organizações de impacto social da RMR. Os dados foram sistematizados em gráficos e tabelas, e as respostas abertas interpretadas com base na análise temática. Os resultados indicam que muitos estudantes associam sua escolha profissional ao desejo de melhorar vidas em territórios vulneráveis. Esse desejo se conecta com histórias de profissionais que, por frustração ou consciência de classe, fundaram organizações sustentáveis, articuladas em redes e orientadas por valores coletivos. Assim, a pesquisa aponta para um movimento concreto e crescente por uma Arquitetura e Urbanismo mais justa, ética e comprometida com o território.