O ACESSO DE NULÍPARAS DE ALTO RISCO OBSTÉTRICO À INFORMAÇÃO SOBRE O TRABALHO DE PARTO INDUZIDO: ESTUDO TRANSVERSAL

Abstract

Introdução: Gestantes de alto risco obstétrico, em geral, têm o parto induzido. Isso envolve maior necessidade de intervenções médicas e a falta de informação, no período gestacional, pode contribuir para uma insatisfação com a experiência e desfechos maternos negativos no processo de parturição. São escassas evidências sobre preparação para o parto e/ou educação pré-natal no Brasil, em especial, no contexto de alto risco obstétrico. Objetivo: Avaliar o acesso, das nulíparas de alto risco obstétrico, à informação acerca do processo de indução terapêutica, da progressão do trabalho de parto e do parto propriamente dito, das diretrizes do parto humanizado e da atuação da fisioterapia no trabalho de parto e parto. Métodos: Estudo transversal com nulíparas de alto risco obstétrico, gestação termo e indicação de indução do parto, no período de outubro/2023 a agosto/2024, em uma maternidade pública do Recife-PE. A coleta de dados foi realizada em sala de parto de uma maternidade pública de referência em alto risco, por entrevista presencial de 30 minutos, durante a fase latente do trabalho de parto, utilizando ficha semiestruturada com dados sociodemográficos, obstétricos, clínicos e autorrelato sobre acesso à informação. A análise estatística foi descritiva, com uso do SPSS versão 30.0. Resultados: Foram incluídas 70 nulíparas, em sua maioria, jovens com média de idade (25,7±5,2 anos), solteiras (67,1%), com 10 a 12 anos de estudo (64,2%), com média de 38,6±1,2 semanas de gestação, classificadas como alto risco obstétrico, devido ao diagnóstico de Síndromes Hipertensivas Gestacionais (65,7%). Todas realizaram acompanhamento pré-natal (100%), em média 9,7 consultas pré-natais no total, predominantemente em rede pública de saúde (80%), porém a maioria não realizou preparação para o parto (92,9%). Quanto ao conhecimento/instrução materna prévia, 74,3% das participantes relataram ter sido informadas sobre o processo de indução do parto, predominantemente pela equipe de saúde do hospital, apenas no momento da indução do parto (78,7%). E, a maioria negou ter recebido informações referentes ao trabalho de parto e parto/processo de parturição (54,3%), parto humanizado (81,4%) e/ou atuação da fisioterapia no trabalho de parto e parto (95,7%). Conclusão: Apesar do adequado número de consultas pré-natais, a maioria das participantes negou ter realizado aulas de preparação para o parto, ter conhecimento prévio no período gestacional, sobre indução do parto, processo de parturição, parto humanizado e atuação da fisioterapia no trabalho de parto e parto. Isso demonstra uma carência de qualidade assistencial primária, na rede pública de saúde, especialmente para nulíparas de alto risco obstétrico, no que diz respeito aos seus direitos relacionados à saúde e ao processo de preparação para o parto, preconizado pela Política Nacional de Humanização do Parto.