Impactos da dieta obesogênica materna sobre o desenvolvimento, crescimento corporal e muscular de descendentes : uma revisão integrativa

Abstract

A crescente transição nutricional observada nas últimas décadas é marcada pela substituição de dietas tradicionais por padrões alimentares ricos em produtos ultraprocessados. Esses alimentos, geralmente com elevada densidade energética e baixos teores de fibras e micronutrientes, caracterizam uma dieta obesogênica, que, quando presente no período gestacional, pode impactar negativamente o ambiente intrauterino e o desenvolvimento da prole. O presente estudo, conduzido sob a forma de uma revisão integrativa da literatura, teve como objetivo analisar os efeitos da dieta obesogênica materna sobre o desenvolvimento fisiológico, corporal e muscular dos descendentes, com ênfase na modulação da plasticidade do desenvolvimento. Foram analisados 35 estudos publicados entre 2015 e 2025, oriundos de bases como PubMed, MEDLINE, LILACS, acervo da UFPE e grupos de pesquisa. Os critérios de inclusão abarcaram estudos observacionais, de coorte e experimentais, tanto com humanos quanto com modelos animais, provenientes de periódicos com fator de impacto superior a 3 e com acesso livre. Os resultados apontaram que a exposição intrauterina à dieta obesogênica materna está associada a efeitos deletérios sobre o desenvolvimento dos descendentes, incluindo programação metabólica adversa, maior predisposição à obesidade, alterações endócrinas, resistência à insulina e prejuízo no crescimento corporal. No que tange ao músculo esquelético, as evidências disponíveis sugerem que a dieta obesogênica pode comprometer vias de sinalização relacionadas à síntese e degradação proteica, prejudicando a manutenção da massa muscular nos descendentes. Estratégias de intervenção nutricional precoce são fundamentais para minimizar os efeitos da dieta obesogênica materna e contribuir para a promoção da saúde das futuras gerações.