Análise do potencial de armazenamento definitivo de CO2 em reservatórios compostos por rochas vulcânicas na Bacia de Campos

Abstract

As emissões de CO2 de origem antropogênica se intensificaram nas últimas décadas e a concentração deste gás na atmosfera atingiu um novo pico de 425,38 ppm em 2024. Neste cenário, a produção de óleo e gás do intervalo pré-sal das bacias brasileiras de Santos e Campos apresenta um enorme desafio, devido às elevadas concentrações de CO2 existentes nos fluídos destes reservatórios. Desde o início da produção destas reservas a destinação encontrada tem sido a separação do CO2 e sua reinjeção nos reservatórios, para efeito de armazenamento e de auxílio na produção. O volume injetado alcança centenas de milhares de toneladas mensalmente. Esta pesquisa objetivou avaliar a possibilidade de uso da vasta quantidade de rochas basálticas da Formação Cabiúnas (flooding basalts - Neocomiano), posicionadas sobre o embasamento da região de plataforma da Bacia de Campos, para a realização de projetos de armazenamento geológico de CO2. A injeção em rochas basálticas apresenta a vantagem de prender de forma permanente o CO2 em estado sólido, o que representa uma alternativa mais segura e econômica de armazenamento geológico. Outras vantagens para esta proposta são: 1) as rochas estão na região de águas rasas, 2) não haveria limite de uso de água se a opção for injetar CO2 diluído, 3) as vasta quantidade de dados geofísicos e de poços que existem sobre a região por se tratar de área alvo de exploração da indústria petrolífera há décadas. A pesquisa utilizou um banco de dados com cerca de 180 poços, e um cubo de dados sísmicos 3D (PSTM/PSDM) que cobre a região dos campos de Badejo, Linguado e Pampo, que durante 30 anos produziram óleo em reservatórios basálticos nestas rochas. Na primeira parte da pesquisa os dados sísmicos e de poços foram utilizados para a modelagem de um reservatório hipotético nas rochas vulcânicas a partir do qual foram verificados o seu potencial em termos de parâmetros físicos para alcançar mineralização, e de volume de armazenamento. Uma segunda parte do projeto buscou demonstrar como os dados legados da indústria são úteis e valiosos para a realização de estudos preliminares para a determinação de locais mais favoráveis para a execução de projetos de injeção de CO2 em formações basálticas, tomando como exemplo os dados disponíveis sobre os reservatórios vulcânicos na unidade Cabiúnas. O estudo demonstrou o ótimo potencial em termos de parâmetros de reatividade e mineralização destas rochas, além da capacidade para receber vastos volumes de CO2, e que o uso de rotinas convencionais de interpretação e modelagem de dados legados permite avaliar características imprescindíveis na determinação das áreas mais favoráveis, como por exemplo a estimativa de porosidade que é controlada por processos diagenéticos e tectônicos, e pelos sistemas de falhas e fraturas.