Diferentes tamanhos de fragmentos e sua influência positiva nas espécies de plantas consumidas por dois primatas no Centro de Endemismo Pernambuco

Abstract

Extinção de espécies florestais, perda de serviços ecossistêmicos e interrupção de processos ecológicos estão entre os principais resultados da perda e da fragmentação de áreas florestais, anteriormente preservadas. No caso da Mata Atlântica, bioma habitado em maior parte por populações humanas, ainda encontram-se áreas com grande diversidade de espécies vegetais e animais exclusivos da região. Esses locais são conhecidos como centros de endemismo. Animais como Alouatta belzebul e Sapajus flavius, dois primatas que ainda persistem em diferentes tamanhos de fragmentos do Centro de Endemismo Pernambuco promovem a esse ambiente, papel importante na conservação e manutenção de espécies vegetais nas áreas que habitam, por meio da dispersão de sementes consumidas por eles. Nessa perspectiva, esse trabalho buscou levantar as espécies vegetais que têm seus frutos e sementes consumidos por esses primatas em sua dieta, além de verificar se há influência desses dois primatas sobre a diversidade vegetal em diferentes tamanhos de fragmentos na área estudada. Para isso, foram realizados levantamentos em bases de dados para verificar estudos que citavam a dieta dos dois primatas, Alouatta belzebul e Sapajus flavius, em diferentes fragmentos do Centro de Endemismo Pernambuco. Análises de dados e modelos estatísticos também foram utilizados para verificar se o tamanho do fragmento tem efeito positivo sobre os coeficientes de diversidade vegetal (q0, q1 e q2). Com os resultados obtidos nas análises, foi mostrado que áreas maiores abrigam maiores riqueza de espécies consumidas pelos primatas. Por outro lado, não foi notada diferença significativa entre Alouatta belzebul e Sapajus flavius quanto ao impacto na diversidade das plantas dispersas, o que sugere que as espécies estudadas desempenham papéis ecológicos semelhantes como dispersores de sementes. No entanto, a relação positiva entre a área do fragmento florestal e a diversidade vegetal sugere que áreas maiores abrigam comunidades vegetais mais diversificadas. Indicando que, a preservação dos grandes remanescentes florestais deve ser priorizada, com o intuito de favorecer a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos no ecossistema.