Artivismos lésbicos e dissidentes de gênero entre tramas de redes sociais digitais

Abstract

Esta tese tem como objetivo principal analisar como produções artísticas podem atuar como tecnologias de produção de lesbianidades, performando subjetividades e expandindo modos de subjetivação política sexo-gênero dissidentes. Fundamentamos este trabalho em produções teóricas que se alinham a epistemologias feminista pós- estruturalistas em diálogo com os estudos lesbofeministas contracoloniais. A partir da aproximação com autoras/es por meio de seus livros, artigos, entrevistas, blogs, redes sociais, e com artistas no encontro com suas produções nos propomos a pensar sobre corpo, gênero e sexualidades, revisitando a construção da categoria conceitual e política “mulher” bem como a elaboração do conceito de gênero, entendidos como marcos na construção epistemológica do pensamento e lutasfeministas que tem implicações também na elaboração do pensamento lésbico. Nesse sentido, reconhecemos a heteronormatividade/ heterossexualidade compulsória e a cisgeneridade como regimes discursivos que estruturam e engendram todo um conglomerado de tecnologias sexopolíticas que por sua vez, referenciam os gêneros, os sexos, a cultura, a história e a realidade. Contudo, as linguagens e estéticas artísticas são mobilizadas (e mobilizadoras) como táticas de ação política ativista, entendemos que as práticas artivistas se configuram como intervenções poéticas e performativas que tem potencial de ultrapassar fronteiras políticas e produzir novos horizontes subjetivos a partir dos modos de subjetividades sexo-gênero dissidentes. Elegemos o aplicativo Instagram como território de pesquisa, desde a busca pelas/us interlocutoras/es da pesquisa, bem como ferramenta de aproximação com suas produções artísticas, e seleção dos materiais discursivos para análise. Tal seleção compreende as produções de 4 artistas de Recife-PE, chegando ao total de 195 postagens que variam entre imagens, fotografias e poesias, e 30 vídeos. As produções artísticas aqui mobilizadas, denunciam as limitações e arbitrariedades de um regime cisheteronormativo colonial, bem como apontam para modos de subjetividade outros, o corpo lesbiano é uma ficção que produz desvios e tensões no espaço biopolítico de normalização dos sexos e gêneros, reorganizando a tecnologia biopolítica. O nosso gesto de escrever considera o lugar a partir do qual escrevemos, ao identificar a lesbianidade o lugar do qual exploramos as possibilidades de uma escrita insubordinada, entendendo que a lesbianidade é um posicionamento político que consequentemente dá sustentação às linhas ou, mais precisamente, a trama da argumentação que aqui propomos.