Identificação de áreas potenciais de acúmulo de água em zonas urbanas e seus impactos socioeconômicos

Abstract

Os desafios impostos pelas mudanças climáticas intensificam a ocorrência de fenômenos extremos, como alagamentos e inundações em áreas urbanas. Esses problemas são agravados pelo crescimento desordenado das cidades e pela insuficiência da infraestrutura de drenagem, aumentando a vulnerabilidade das populações, especialmente em grandes centros urbanos, como Recife, Pernambuco. O presente estudo tem como objetivo analisar a dinâmica hidrológica no ambiente urbano e os impactos socioeconômicos dos alagamentos na cidade do Recife-PE, com foco no bairro de Jardim São Paulo. Para isso, foram utilizados dados de hidrografia, elevação, uso e ocupação do solo, além de informações de percepção socioeconômica obtidas por meio de questionários. Os procedimentos metodológicos envolveram a aplicação de questionários a comerciantes formais e informais, a análise geoambiental, a integração de dados de percepção com técnicas de geoprocessamento e a realização de análises estatísticas descritivas. Os resultados indicam que a área apresenta condições hidrográficas marcantes, com aproximadamente 10 corpos hídricos compondo a rede hidrográfica, os quais estão total ou parcialmente revestidos. Em relação à altimetria, a variação é de 1 a 20 metros, sendo predominantemente uma região de baixa altitude, embora com elevações mais acentuadas nos limites do bairro. O uso e ocupação do solo é composto majoritariamente por áreas urbanizadas (95%), restando apenas pequenas porções de mosaico de uso e formação florestal. A identificação espacial dos pontos de acúmulo de água revelou que as principais avenidas comerciais apresentam pontos críticos em locais com baixa altimetria, adensamento urbano intenso e presença de comércio informal, resultando em um elevado grau de registros de alagamentos. Os questionários revelaram o perfil demográfico dos comerciantes e os transtornos socioeconômicos enfrentados devido aos alagamentos, incluindo perdas financeiras, danos à infraestrutura e interrupção das atividades comerciais, demonstrando a relação direta entre as condições ambientais e os prejuízos enfrentados pelo comércio local.