Análise descritiva de infecções causadas por bactérias multidroga- resistentes em pacientes com PAV acometidos pela COVID-19 em um hospital de Recife-PE entre 2021-2022: um estudo coorte de retrospectiva

Abstract

O estudo objetivou-se descrever a ocorrência de bactérias multidroga-resistentes relacionadas à pneumonia associada à ventilação mecânica e os fatores de risco associados em pacientes acometidos com a COVID-19 em um hospital de grande porte do Recife, Pernambuco. Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva, realizado através da coleta e análise de dados secundários e fichas de notificação obtidas pelo Serviço Controle de Infecção Hospitalar do Hospital pesquisado no período da pandemia: coleta de dados de março de 2021 a junho de 2022 de pacientes adultos de ambos os sexos internados em UTI com diagnóstico positivo para o vírus SARS-CoV-2 e com resultados das culturas de secreção endotraqueal e do lavado broncoalveolar. Foram coletados dados clínicos gerais, tratamentos recebidos, complicações infecciosas observadas durante a hospitalização, incluindo infecções por bactérias MDR e evolução da doença. Foram selecionados 134 pacientes internados em UTI divididos em dois grupos, sendo um grupo COVID-19 (+) e PAV e outro COVID-19 (-) e PAV (grupo controle). A idade média dos pacientes com COVID-19 (+) e PAV foi de 62,8 anos, sendo 54,2% eram do sexo feminino, já o grupo controle, a idade média foi de 59,6 anos e 51% eram do sexo masculino. Quanto às comorbidades, HAS, lesão renal e obesidade foram os parâmetros que mais se destacaram no grupo com COVID-19 (+) e PAV (56,6%, 43,4% e 16,9%, respectivamente). O grupo de pacientes com PAV e com COVID-19 (+) apresentou um quantitativo maior de bactérias MDR quando comparado ao grupo de pacientes com PAV e COVID-19 (-). No total, foram encontrados 179 microrganismos nos pacientes de ambos os grupos, sendo 109 bactérias no grupo de pacientes com a COVID-19 (+) e PAV e 70 bactérias no grupo controle. Com relação aos microrganismos encontrados, observou-se que no grupo de pacientes com a COVID-19 (+) e PAV, a maior frequência foi de Acinetobacter baumannii (34,9%), seguido de Pseudomonas aeruginosa (26,6%) e Klebsiella pneumoniae (19,3%). No grupo controle, a maior frequência também foi de Acinetobacter baumannii (41,4%), seguido de Pseudomonas aeruginosa (24,3%) e Klebsiella pneumoniae (11,4%). Pacientes críticos internados com COVID-19 (+) e PAV apresentam alto risco de desenvolver infecções secundárias associadas aos cuidados de saúde, especialmente de origem bacteriana, com uma taxa variável de perfis de resistência. Outro dado de destaque no presente estudo foi a taxa de mortalidade dos pacientes do grupo COVID-19 (+) e PAV sem precedentes (94%). Grande parte dos participantes do estudo pioraram e morreram durante a internação sob ventilação mecânica. Assim, independentemente dos fatores relacionados à pandemia, a PAV continua sendo um desafio importante no tratamento de pacientes hospitalizados.