As vozes negras de jovens da Escola de Referência Dom Sebastião Leme : visibilidade como forma de protagonismo juvenil

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a tomada de consciência de estudantes a partir do protagonismo juvenil, conferindo estoque ao papel do Jovem negro como sujeito transformador da sua própria história. A fase da adolescência traz ao jovem muitas tensões, principalmente para os jovens negros, pobres e periféricos, que sofrem uma segregação histórica se arrastando até os dias atuais. Diante dessa realidade, buscamos analisar o protagonismo juvenil, atuante dentro do espaço escolar, que retira a mordaça e deixa ressoar as vozes da juventude negra. Ouvir quem foi silenciado nos permite fortalecer as políticas públicas afirmativas para um grupo estigmatizado a partir do racismo estrutural. Romper com essas estruturas colonialistas ainda depende de muitas lutas sociais, que promovam a emancipação dos grupos que foram subalternizados e excluídos desde a colonização. Para que isso aconteça, faz-se necessária uma descolonização diante dos domínios que se perpetuaram desde a invasão das Américas. Diante disso, fazemos a pergunta: Como a escola pública desperta o jovem a se tornar um protagonista da sua própria vida? Nossa investigação foi realizada na rede estadual de ensino de Pernambuco, na escola de referência Dom Sebastião Leme, localizada no bairro do Ibura, área periférica da cidade do Recife. As entrevistas foram feitas com estudantes de ambos os sexos, matriculados no Ensino Médio da referida escola, que se autodeclaram negros e pardos. Por entendermos que a mutabilidade é característica inerente dos seres humanos à vida social, consideramos a mudança, o movimento e um olhar dinâmico sobre os processos sociais a partir da história oral e de vida, que busca analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento do grupo pesquisado, aliada a um tipo de procedimento, a Análise de Conteúdo como aportes metodológicos para a realização da investigação. Através da oralidade, pudemos perceber a emoção, os sentimentos, as lembranças, os suspiros, que nos ajudaram a tecer as histórias de vida desses meninos e meninas, construídas dentro e fora dos muros da escola. Os resultados apontam que as relações construídas na escola, a partir do protagonismo juvenil, resgata nos jovens negros a autoestima e, em consequência, a tomada de uma consciência crítica transformadora que os levam à emancipação na sociedade.