Problemas propostos por professores em formação inicial de química : contribuições para o pensamento reflexivo

Abstract

As metodologias ativas têm sido amplamente investigadas em várias pesquisas científicas. A temática também é reforçada direta e indiretamente por leis e documentos norteadores educacionais, que juntos colaboram para o processo formativo para além dos espaços escolares. Dentre os diversos benefícios do emprego de metodologias dessa natureza no âmbito da sala de aula, destaca-se o preparo do estudante para uma atuação ativa e reflexiva sobre as dinâmicas de aprendizagem, assim como para enfrentar os desafios emergentes do contexto social. A metodologia de resolução de problemas em meio às diversas estratégias educacionais, tem sido a mais empregada no campo de Ensino de Ciências devido suas aproximações com o método científico. Por outro lado, sua aplicabilidade em sala de aula não é uma tarefa fácil, devido a complexidade que gira em torno dos problemas que são utilizados, que mais se parecem com meros exercícios. Essa abordagem costuma direcionar os aprendizes a um processo de resolução mecanizado, com poucas contribuições sobre o pensamento reflexivo, uma vez que as habilidades cognitivas sugeridas pelos problemas limitam-se à recordação, memorização e reprodução de informações. Neste cenário, a pesquisa em voga, se propõe a analisar as contribuições dos problemas elaborados por professores de Química em formação inicial para o pensamento reflexivo. Trata-se de uma pesquisa de natureza básica, qualitativa, com caráter exploratório. As atividades do estudo ocorreram por meio da construção e resolução de problemas por professores em formação. A análise dos dados foi fundamenta com base na resolução de problemas, segundo Ignacio Pozo e Gómez Crespo, (2009); nas habilidades cognitivas de Zoller e Pushkin (2007), Suart (2008) e Coelho (2016); e pelo instrumento de indicador de pensamento reflexivo de Zeichner e Liston (1985). De maneira ampla, os resultados apontaram que os problemas construídos carecem de melhorias estruturais, visto que alguns critérios que categorizam problemas, ao invés de exercícios, não foram adotados ou suficientemente bem elaborados. Além disso, as habilidades cognitivas expressas na maioria das atividades demonstraram uma tendência para habilidades de ordem inferior, impactando a qualidade dos pensamentos identificados nos discursos durante o processo de resolução dos problemas. O desvelamento do pensamento reflexivo, por exemplo, esteve condicionado às análises anteriores, indicando que a estrutura das propostas e seus níveis cognitivos têm o potencial de influenciar a sofisticação do pensar. No mais, espera-se que a pesquisa contribua para discussões e reflexões sobre a estratégia de ensino de resolução de problemas e seus impactos sobre os aspectos cognitivos de estudantes em sala de aula. Igualmente, propiciar a atenção sobre o processo formativo de professores, principalmente, no tocante à proposição de atividades didáticas para o Ensino de Química e/ou Ciências.