Avaliação da genotoxicidade e parâmetros hematológicos em Mugil spp. expostos a HPAs no estuário da Bacia do Pina, Pernambuco

Abstract

O diagnóstico da qualidade do ambiente aquático permite identificar impactos antrópicos que podem comprometer a saúde pública e a biodiversidade local, nesse contexto, o uso de biomarcadores múltiplos se mostra eficaz para avaliar os efeitos de contaminantes ambientais sobre organismos bioindicadores. Este estudo teve como objetivo analisar a qualidade da água da Bacia do Pina através dos parâmetros físico-químicos e concentrações de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) na água, e seus impactos sobre Mugil spp., avaliando danos ao DNA e alterações hematológicas como indicadores de saúde animal. Os resultados das análises físicoquímicas da água revelaram pontos críticos na extensão da bacia, com destaque para o P1, confluência dos rios Jordão, Tejipió e braço sul do Capibaribe, e o P2 foco de efluentes. Parâmetros como oxigênio dissolvido chegaram a 0,20 mg L-1 , muito abaixo do que é estabelecido pelo CONAMA, de 6 mg L-1 , além de altas concentrações de amônia (1,23 mg L-1 ). Enquanto a presença de HPAs foi verificada em todos os pontos, com destaque para o Naftaleno que alcançou concentrações superiores a 50 ng L-1. Os espécimes de Mugil spp. não apresentaram variação no seu tamanho e peso entre as estações seca e chuvosa, contudo, os parâmetros hematológicos variaram significativamente na estação chuvosa, período em que há o aumento da entrada de compostos químicos através do escoamento de água para os corpos hídricos. Foi observada a redução (P < 0,05) da hemoglobina corpuscular média, plaquetas e linfócitos (célula do sistema imune). Os parâmetros bioquímicos séricos também variaram significativamente entre as estações (P < 0,05), o colesterol total (TG) e triglicerídeo total (TC) se mostraram reduzidos no período chuvoso, enquanto glicose e albumina se mostraram elevadas. Além disso, foram identificados mais de 5% de células com MN nas duas estações. Esses resultados sugerem respostas fisiológicas nos espécimes de Mugil spp, demostrando os efeitos do estresse ambiental sob esses animais. Desse modo, os resultados refletem os efeitos negativos da poluição antrópica sob o ambiente e a biota aquática, reforçando a importância do monitoramento contínuo e da adoção de estratégias sustentáveis para mitigar esses impactos.