Levantamento da ocorrência e distribuição de gafanhotos coletados no nordeste e no Pará e a correlação com dados citogenéticos

Abstract

Os gafanhotos são um grupo de insetos pertencentes à ordem Orthoptera e subordem Caelifera. Esses insetos, nos neotrópicos, se dividem em 8 famílias distintas, onde Acrididae e Romaleidae são as mais diversas, com cada uma apresentando 270 e 80 gêneros, respectivamente. As principais famílias de gafanhotos possuem cariótipos conservados do tipo 2n=23,X0 para machos e 2n=24,XX para fêmeas, com os cromossomos possuindo uma morfologia acrocêntrica. O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento faunístico de gafanhotos coletados durante os anos de 1991 a 2023 e a partir dos dados obtidos, criar um banco de dados das espécies encontradas e suas respectivas populações e também realizar a cariotipagem de espécies que possuíam número cromossômico desconhecido. As coletas se basearam na busca ativa por indivíduos e na captura através do uso de redes entomológicas e sacolas plásticas. A cariotipagem desses insetos foi realizada através da técnica de esmagamento de folículos testiculares e coloração com a orceína lacto-acética a 2% com a visualização dos cromossomos em microscópio óptico. Foram feitas lâminas das espécies Cylindrotettix r. orientalis, Poecilocloeus modestus, Radacridium adamantinum, Abila descampsi e Zygoclistron sp., essa última possuía o cariótipo 2n=20 XX:XY enquanto que todas as outras compartilhavam o cariótipo ancestral 2n=23,24 X0:XX. O levantamento indicou que os estados com o maior número de gafanhotos coletados foram Pernambuco, Pará, Bahia e Ceará com 14.880, 1.831, 1.082 e 744 indivíduos, respectivamente. Pernambuco foi o estado com o maior número de espécies distintas, 52, sendo as mais comuns Rhammatocerus brasiliensis e Phaeoparia megacephala. No Pará foram identificadas 37 espécies, entre elas: Orphulella concinnula e Abracris flavolineata como as mais prevalentes. Na Bahia, as mais abundantes foram R. brasiliensis e Ommexecha virens, de um total de 25 espécies coletadas. O Ceará apresentou a menor diversidade, com apenas 18 espécies, sendo R. brasiliensis e Xyleus d. angulatus as mais comuns. Ambientes úmidos como a mata atlântica e a floresta amazônica mostraram-se mais biodiversos do que biomas mais ressecados como na caatinga.