"Qual foi o nosso trato, Lao?" : o cambão, as Ligas Camponesas e o processo de proletarização do campesinato (1940s - 1960s)

Abstract

O presente escrito tem como objetivo analisar as modificações nas relações de trabalho no mundo rural entre os anos de 1940 e 1960. A partir de 1955, com a atuação das Ligas Camponesas foi possível verificar uma série de denúncias relativas às explorações vivenciadas pelos camponeses. Entre as críticas, o cambão — imposto comum na época — aparecia enquanto afronta à liberdade e autonomia dos trabalhadores que viam-se obrigados a trabalhar nas terras do senhor de engenho de forma gratuita e sem remuneração. Esta pesquisa busca entender como a luta contra o cambão pode indicar o processo de proletarização do campesinato. Para este objetivo, analisaremos os jornais que mencionaram a movimentação dos camponeses contra a taxa, entre eles, o Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio e Liga — este último está presente na Hemeroteca Luta pela Terra no Armazém da Memória — além das entrevistas encontradas nos anexos da dissertação de Reginaldo Silva. Ancorada em uma perspectiva marxista, averiguamos as aplicações do conceito de estranhamento na realidade campesina. Após estas investigações, concluímos que o cambão pode ser, na verdade, um bode expiatório para as modificações que o capitalismo orquestra neste período e que a proletarização pode ser explicada a partir do domínio quase absoluto das usinas e a deterioração da economia de subsistência, comum aos camponeses.