A fome tem cor e gênero : aumento da insegurança alimentar na pandemia da Covid-19 e agroecologia na retomada da agricultura camponesa no município de Camaragibe/PE

Abstract

A fome vem sendo posta à mesa dos brasileiros ao longo das décadas de forma planejada e direcionada para atingir um público específico, que vem sendo negligenciado e mantido sob amarras escravocratas desde o período colonial até a contemporaneidade. A insegurança alimentar - nomenclatura adotada atualmente para eufemizar o fenômeno da fome atualmente - se intensificou durante a pandemia da covid-19, atingindo de maneira desigual os brasileiros e, consequentemente, a população do município de Camaragibe, em Pernambuco. Os diversos conflitos e fatores relacionados ao aumento da insegurança alimentar em um dos principais municípios da Região Metropolitana do Recife serão debatidos e analisados durante a pesquisa. Dito isso, o objetivo elencado como principal é compreender a potencialidade da agricultura familiar camponesa como um caminho para garantir a soberania alimentar e nutricional após o aumento da insegurança alimentar durante a pandemia da Covid-19 no município de Camaragibe - PE. Sendo assim, elencamos três objetivos específicos: a) investigar os diversos fatores contribuintes para o aumento da insegurança alimentar durante o momento pandêmico; b) considerar também os conflitos que o sistema alimentar convencional vem ocasionando; c) buscar políticas municipais de agroecologia no estado de Pernambuco de forma a refletir sobre mudanças e caminhos que contribuam em prol da valorização da agricultura familiar camponesa no município de Camaragibe – PE. Dessa forma, a pesquisa é de natureza quali-quantitativa, bibliográfica e de campo, tendo como base o método de pesquisa da Escrevivência de Conceição Evaristo para considerar a vivência da mulher negra a partir do fenômeno da fome. Houve a realização de uma revisão bibliográfica, juntamente com uma pesquisa documental. Enquanto procedimento metodológico, foi disponibilizado um questionário eletrônico com 33 perguntas fechadas que abarcou cerca de 45 mulheres chefes de família, moradoras no município, no ano de 2022, bem como a realização de 04 entrevistas semiestruturadas com mulheres negras também chefes de família atravessadas pela fome durante o período pandêmico. Foi considerado os dados e entrevistas do TCC da autora (2021) que já sofreu influência dos impactos da pandemia e problematizou os conflitos em torno da diminuição da agricultura familiar camponesa no município. Por fim, com a manutenção e intensificação da insegurança alimentar, tornou-se urgente produzir conhecimentos que contribuam nesse enfrentamento, justificando assim a necessidade e importância desta pesquisa.