Estratégias de cuidado oferecidas aos familiares de crianças com transtorno do espectro autista em serviços de saúde no Brasil : uma revisão de escopo

Abstract

Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento apresentado no início da infância e é caracterizado por déficits na comunicação e interação social, bem como por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. As dificuldades de lidar com as manifestações e a escassez de serviços para este público exigem uma maior dedicação aos cuidados da criança, acarretando uma sobrecarga emocional e física aos demais membros da família. A construção compartilhada de cuidado, troca de informação e fortalecimento da rede social e de apoio à família podem contribuir para melhorar o cuidado familiar e diminuir a sobrecarga do cuidador. Objetivo: Este estudo buscou mapear as estratégias de cuidado oferecidas a familiares de crianças com TEA em serviços de saúde no Brasil. Método: Trata-se de uma revisão de escopo baseado no Joanna Briggs Institute aliada às orientações do Prefered Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews, realizada nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde e Scielo e incluiu artigos científicos em português, publicados em periódicos nacionais nos últimos dez anos. Resultados: Identificou-se que as estratégias realizadas com os familiares de crianças com TEA, em sua maioria, ocorreram no Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil, de forma multiprofissional, sendo as mais frequentes: grupos terapêuticos, acolhimento, atendimento individual e orientação familiar, desenvolvidas de forma multiprofissional. Essas ações favoreceram a construção de rede de apoio social entre os familiares, formação e fortalecimento de vínculo entre eles e a equipe, articulação com a rede de saúde, empoderamento familiar e a participação da família como agente no tratamento da criança com TEA. A mãe foi a principal cuidadora e é o ponto central de contato com a equipe. Conclusão: O estudo revelou que as estratégias proporcionaram a construção e fortalecimento de vínculo entre os participantes e equipe de saúde, o empoderamento familiar, a articulação entre a rede e os profissionais do serviço e o acesso aos direitos pertencentes às famílias e as crianças com TEA. Destaca-se a necessidade de considerar a perspectiva de gênero na realização das estratégias de cuidado direcionadas às famílias da criança com TEA.