Cenário socioeconômico da pesca artesanal após derrame de óleo - 2019: uma perspectiva do litoral sul de Pernambuco

Abstract

Esta pesquisa analisou aspectos socioeconômicos de duas colônias de pescadores situadas no litoral sul de Pernambuco, após a chegada de óleo em 2019, avaliando as regiões de Rio Formoso e Suape. Coletaram-se dados com apoio das lideranças locais e através de 52 entrevistas semiestruturadas, no período de novembro de 2021 e agosto de 2023. Identificando fortes impactos sofridos pelas comunidades pesqueiras após o dano ambiental, dentre eles, a vulnerabilidade financeira, alimentar e de saúde pública, onde relataram sintomas como náuseas, irritações na pele e dor de cabeça após pescar ou ingerir pescados. A grande maioria dos entrevistados 82,7% se enquadrou em alta vulnerabilidade ao óleo enquanto 17,3% em moderada vulnerabilidade óleo, observou-se um tempo médio 6,54 meses para retomada das vendas e tendo relato que 18,7% dos entrevistados presenciando mais de um ano para retorno das vendas e consumo dos pescados. Caracterizando os pescados mais comuns na região com distinção de gênero, junto a quantidade de capturas em quilogramas e os respectivos valores de venda em reais para cada pescado, sendo os principais setores relatados com diminuições de vendas turismo (16%), venda direta (38%), feira livre (23%), estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes (23%). Assim, em diversos casos, os recursos pesqueiros contaminados foram consumidos e essas famílias adentraram em uma profunda insegurança alimentar e social. As dificuldades sentidas pelas comunidades foram intensificadas pela má gestão governamental, que não agiu de forma eficiente e eficaz ao crime ambiental, causando danos duradouros de implicações ainda desconhecidas em sua totalidade, por serem interligados em diversos âmbitos ambientais, políticos, midiáticos e culturais da sociedade.