Análise dos indicadores de qualidade e segurança do paciente na assistência obstétrica e neonatal

Abstract

No mundo ocorrem aproximadamente 130 milhões de partos, destes, 303.000 (0,2%) sucedem em óbito materno. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, têm como meta reduzir a mortalidade materna em menos de 70 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. Visando qualificar o cuidado e promover a melhoria da segurança do paciente a Organização Mundial de Saúde desenvolveu o Safe Childbirth Checklist. O monitoramento dos indicadores permite uma gestão de risco mais efetiva com foco na redução da ocorrência de eventos adversos. O estudo tem como objetivo avaliar a qualidade da assistência obstétrica e neonatal a partir do desempenho dos indicadores de estrutura, adesão às boas práticas e ocorrência de eventos adversos. Trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo, retrospectivo, com obtenção de dados primários realizado em um hospital universitário em Recife - PE administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. A amostra foi constituída pelos prontuários de 155 mulheres que pariram na instituição entre os meses de junho a setembro de 2022. AO instrumento de coleta do indicador de estrutura foi construído com base na Lista de Verificação de Parto Seguro - Brasil (LVPS-BR) adaptado e validado para o contexto brasileiro e nos Protocolos de Segurança do Paciente, adesão as boas práticas ao parto e nascimento e eventos adversos foram coletadas de acordo com as variáveis presentes na plataforma QualiParto A avaliação do indicador de estrutura se deu por análise descritiva e a análise dos indicadores de processo e resultados foi realizada através do Qualiparto. Com relação ao indicador de estrutura percebeu-se a ausência de uma Unidade de Terapia Intensiva Obstétrica, de quarto tipo PPP e a falta de insumos para o manejo de Hemorragia Pós-Parto, como: balão de tamponamento intrauterino e traje antichoque não-pneumático em obstetrícia. Em relação ao indicador de processo, observou-se que em 9,03 % dos partos analisados o partograma foi utilizado, 23 ,2% houve estimulo ao início precoce da amamentação. Acerca do indicador de resultado que está relacionado a ocorrência de Eventos Adversos 8,3% das puérperas retornaram à sala de parto ou cirurgia, e 5% dos recém-nascidos com mais de 2.500 gramas foram encaminhados para a Unidade de Terapia Intensiva. Tendo ocorrido pelo menos um evento adverso em 25,6% dos partos. Com relação ao escore ponderado de evento adversos que diz respeito ao maior número de partos com a ocorrência de eventos adversos e ao índice de gravidade que tem relação aos partos com os eventos adversos graves o mês de julho teve destaque, apresentando os seguintes valores respectivamente 15,3 e 112,5. Recomenda-se que a partir da identificação dos indicadores de qualidade na maternidade em estudo, a análise possa instrumentalizar os profissionais de saúde para tomada de decisão para uma assistência obstétrica e neonatal segura, com foco na melhoria da qualidade e segurança da paciente.