A formação continuada de professores/as que lecionam matemática para surdos/as nos anos iniciais do ensino fundamental : desafios da prática docente no ensino regular

Abstract

A formação continuada de professores/as que lecionam matemática nos anos iniciais do ensino fundamental é uma temática que traz grandes discussões e retrata o status quo do compromisso dos/as inúmeros/as agentes da educação. Esse debate se torna restrito quando se refere ao ensino da matemática para surdos/as, trazendo à tona inquietações e desafios à prática docente. No município de Pesqueira, agreste pernambucano, as estratégias vivenciadas nas formações direcionadas a esses/as profissionais nos provocaram diversas reflexões e inquietações. Assim, objetivamos analisar, nos documentos oficiais, a interferência da formação continuada na prática docente de professores/as de matemática dos anos iniciais do ensino fundamental que atuam com alunos/as surdo/as. Para tanto, buscamos: identificar os princípios fundamentais acerca da matemática para surdos/as na formação continuada; refletir sobre como a Secretaria Municipal de Educação de Pesqueira-PE vivencia os conhecimentos pertinentes à formação continuada dos/as docentes que lecionam matemática a pessoas surdas dos anos iniciais; e verificar, nos documentos oficiais usados na formação continuada, aspectos de práticas inclusivas para pessoas com surdez. Considerando o teor deste trabalho, o percurso metodológico foi estruturado a partir de uma abordagem qualitativa, tangenciando uma pesquisa básica com objetivos descritivos, por meio da análise dos documentos oficiais que embasam as formações continuadas dos/as docentes que integram o quadro de profissionais da Secretaria Municipal de Educação de Pesqueira-PE, que ministram aulas de matemática para o público aqui em tela. A Análise de Conteúdo de Bardin (2006) foi utilizada para melhor compreensão dos fenômenos envolvidos. Constatamos que a prática docente dos/as professores/as regentes de matemática em salas regulares com surdos/as incluídos/as ainda está pautada em uma perspectiva generalista, com princípios fundamentados na filosofia oralista, o que não oportuniza aos/às estudantes com surdez igualdade no acesso ao conhecimento matemático, afetando seu desenvolvimento pedagógico. Dialogando com os dados do cenário da pesquisa, percebemos que a formação continuada corrobora uma prática docente voltada para um ensino de matemática excludente e classificatório, revelando um desacerto na direção das formações daqueles/as que estão diretamente envolvidos/as no ensino de matemática a estudantes com identidade e características surdas, na etapa primordial da educação básica: os anos iniciais do ensino fundamental. Com essas provocações, somos estimulados a caminhar sob novos olhares e perspectivas nos campos teórico e prático, com o pensamento debruçado sobre o tema e em conformidade com um viés orientado para uma educação inclusiva, com a responsabilidade de tornar a matemática acessível a todos/as, respeitando os distintos direitos de aprendizagem a partir da diversidade.