Avaliação da Atividade Antidiabética de Extratos de Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. (Malvaceae)

Abstract

O diabetes mellitus é um distúrbio metabólico caracterizado pela hiperglicemia, e acomete 537 milhões de pessoas no mundo e 15,7 milhões no Brasil. Fármacos antidiabéticos apresentam efeitos adversos como náuseas, ganho de peso e doença cardiovascular, sendo necessário alternativas mais seguras e eficazes. As plantas do semiárido brasileiro são muito utilizadas na medicina tradicional, dentre elas, a espécie Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum é usada no tratamento de dores, edemas e diabetes. Este trabalho teve como objetivo investigar a atividade antidiabética de extrato das folhas de C. glaziovii. Extratos hexânico (HxECg) e etanólico (EtECg) foram obtidos usando aparato Soxhlet, com rendimento de 6,15 % e 4,70 %. Análise fitoquímica demonstrou em EtECg maiores teores de taninos, fenóis e flavonoides do que em HxECg. Análise do perfil antioxidante, demonstrou resultados mais promissores também para o EtECg pelas metodologias de sequestro do radical DPPH (IC50 107,20 μg/mL), capacidade antioxidante total (64,93 %), e redução do íon ferro- FRAP (209,35 μgFe2 /mg de extrato). Portanto, EtECg foi escolhido para investigar atividades antidiabéticas. A inibição da α-glicosidase nas concentrações de 10, 5 e 2,5 mg/mL do extrato foi capaz de reduzir a atividade da enzima em 30,9, 18,3 e 12,4 %, respectivamente. As concentrações de 10 e 5 mg/mL do extrato promoveram adsorção de 36,7 e 5,8 % das moléculas de glicose, respectivamente. Contudo, o EtECg promoveu a captação (9,6 a 3,2 %) de glicose por leveduras em concentrações de 10 a 1,25 mg/mL. Avaliação de toxicidade ambiental mostrou que EtECg é seguro frente ao modelo vegetal Lactuca sativa e ao microcrustáceo Artemia salina. Não houve atividade inseticida ao Tenebrio molitor. Na avaliação da toxicidade oral aguda (< 2000 mg/Kg) e subaguda (100 - 400 mg/Kg) em camundongos, não foram observados sinais de toxicidade, indicando segurança no uso por esta via. No teste de tolerância oral a glicose (100 e 200 mg/Kg), houve redução da glicemia, e no teste de hiperglicemia induzida por aloxana, foi observada ação desde a primeira hora de tratamento (> 34%, 100 - 400 mg/Kg). Os resultados demonstram as propriedades terapêuticas de EtECg, tornando C. glaziovii uma importante fonte de bioativos para o tratamento do diabetes, e fornecedora de insumos com potencial biotecnológico.