Saberes e práticas de saúde e alimentação na comunidade de São Bento - Abreu e Lima

Abstract

O fenômeno da Medicina Popular está fortemente presente nas práticas de cuidado à saúde no Brasil. Trata-se de uma realidade muito mais ampla e complexa do que o referenciado conceitualmente. Fundamentado em alguns referenciais teóricos, observa-se que na maioria dos estudos sobre o tema, a percepção da Medicina Popular restringe-se ao estudo das práticas e dos saberes relativos à cura de enfermidades/doenças e cuidados da saúde, de um modo geral, transmitida oralmente de geração em geração, restrita a uma área delimitada, coesa e predominante, dentre as alternativas de cura, frente a fragilidade dos serviços de saúde convencionais. Na intencionalidade de fomentar a inclusão social, o presente trabalho teve como objetivo, ampliar a compreensão a respeito dos fenômenos relativos aos conhecimentos e saberes tradicionais no âmbito da Medicina Popular, focados na sabedoria popular da saúde e no ato de comer, a partir das narrativas das vivências e experiências dos moradores da comunidade de São Bento – Abreu e Lima-PE. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, vinculada ao Programa de Extensão Nutrição e Ecologia por uma cultura de Paz – NEPAZ, realizada por meio de entrevista individual e roda de conversa, para conhecer melhor a realidade sócio cultural; os conhecimentos dos integrantes sobre saúde; medicina popular; comensalidade e alimentação saudável, a partir da perspectiva dos 27 participantes, moradores da comunidade. As informações e narrativas foram registradas e após a análise desses registros, pode-se evidenciar que quando se considera a realidade concreta vivenciada no cotidiano das coletividades, o fenômeno da Medicina Popular leva, assim, a reprodução de um patrimônio cultural intangível, ligado à outras dimensões: espiritualidade , religiosidade, cultura, territorialidade, diversidade agrobiológica e outras racionalidades, ancorados em valores subjetivos e culturais, baseados na solidariedade e reciprocidade e, acima de tudo, de grande significado afetivo e simbólico. Assim, é importante valorizá-lo, dar voz a esses conhecimentos, de modo a restaurar e manter tradições muitas vezes milenares, no meio acadêmico. Sendo assim, a mediação entre os saberes e conhecimentos acadêmicos e populares é urgente e necessária. Ampliar esse espaço de diálogo entre a academia e a comunidade, além de articular os diferentes saberes, tornou-se essencial e possível, na estruturação e realização deste trabalho, pois decorre da atitude de respeito pela sabedoria popular inseparável do ato do conhecimento científico.