Diversidade sexual na escola nos anos finais : ações da/na Escola João XXIII com fins de evitar a evasão escolar de segmentos LGBTQI+

Abstract

O combate à homofobia, nos anos finais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação do Recife, tem sido destaque nos corredores da Escola Municipal João XXIII. Assim, atitudes segregadoras e excludentes, por parte de gestores, docentes e técnicos pedagógicos, que manifestam discriminações em relação a colegas e alunos, com base em discursos normatizadores de padronização das identidades sexuais, têm sido combatidas, sublinhando a necessidade de formação continuada no que tange ao trato com a diversidade, em nosso caso especificamente, a diversidade sexual, envolvendo estudantes LGBTQIA+. O não entendimento e a não aceitação das identidades sexuais na escola, por uma narrativa seja de cunho biológico, seja religioso, devem ser debatidos e dialogados, e não silenciados. Desse modo, o desenvolvimento de práticas pedagógicas, no espaço escolar em tela, tem sido feito de forma reflexiva, visando a promover uma educação inclusiva, pautada nos direitos humanos, alinhada a uma filosofia freiriana no que se refere à valorização dos saberes populares. Diante disso, optamos para esta pesquisa por uma metodologia qualitativa, realizada a partir dos estudos de Ludke e André, fazendo uso de diário de campo, análise documental e análise de discurso, esta última assentada no trabalho de Eni Orlandi. Na parte teórica, utilizamos textos de Butler e Louro, estabelecendo um recorte acerca das pedagogias das sexualidades. Nossos resultados deram conta da identificação de uma política curricular de ensino, definida a partir do ano de 2021, revisada e atualizada mediante as diretrizes nacionais curriculares da BNCC (2021), o que acarretou na redução/enxugamento do tema da diversidade sexual ao campo apenas do biológico. Isso fortaleceu a presença de uma homofobia velada nos estabelecimentos educacionais, colaborando com processos de evasão escolar. Contudo, na Escola João XXIII, tal situação possibilitou o contrário, isto é, viabilizou a realização de projetos de intervenção, como o corredor do enfrentamento, o que culminou em projetos outros, inter e transdiciplinares, que visaram/visam ao acolhimento de estudantes que não se enquadram no modelo heteronormativo, hegemônico socialmente.