O ensino remoto durante a pandemia: uma recordação necessária

Abstract

A crise sanitária global acarretada pela pandemia de Covid-19 (SARS-CoV-2) deixou marcada a história da humanidade sob um contexto de extrema complexidade e caos. O ‘‘novo normal’’ estabelecido e que vigora até hoje, 2024, é mais do mesmo, que tem escancarado de forma assustadora um novo padrão de sociabilidade o qual aprofunda as desigualdades sociais no país. O capitalismo pandêmico escancarou as contradições entre as classes sociais em uma dinâmica brutal, no qual se têm por um lado a burguesia com seus privilégios e do outro a classe-que-vive-do-trabalho na luta pela sobrevivência. No âmbito da educação, o quadro de pauperismo não é diferente do de hoje. Na época foi adotado enquanto estratégia principal o fechamento das escolas para conter a disseminação do vírus no contexto do isolamento social. Diante disso, o debate sobre a educação assumiu novos contornos, dentre os quais, tivemos a Educação à Distância (EaD) e o ensino remoto os quais expressavam a implementação de propostas adaptativas e inócuas para os sistemas de ensino do país. Desta forma, o presente trabalho monográfico justifica-se pela necessidade de investigação dos fenômenos que constituíram o ensino remoto na pandemia e as repercussões do mesmo na educação básica. Frente ao colocado, a pergunta que norteia a pesquisa é se o ensino remoto na pandemia valeu à pena? O objetivo geral deste trabalho é descrever o ensino remoto durante a pandemia e analisar as repercussões deste tipo de ensino na educação básica. O que foi observado é que o discurso da sociedade tecnológica penetrou de vez o campo educacional brasileiro, impulsionando políticas educacionais antidemocráticas contra a classe trabalhadora. O ensino remoto, também chamado de Calendário Complementar, Estudo Remoto Emergencial e Ensino por meio de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) foi proposto principalmente pelo setor privado, e adotado pelo Estado, para a realização das atividades escolares durante a pandemia. O ensino remoto durante a pandemia apresentou vários limitantes, sendo eles: as condições de acesso à educação por meio das TICS expunham exclusão digital; materiais didáticos pré-fabricados com atividades a serem apenas replicadas pelos professores; os professores receberam pouco ou nenhum tipo de formação tecnológica; ambiente residencial impróprio para o teletrabalho; custos operacionais e para aquisição de equipamentos arcados pelos professores; jornadas de trabalho muito intensas devido às determinações imediatistas; excessiva exposição às telas; fechamento de escolas públicas e privadas com demissão expressiva de professores e trabalhadores terceirizados, temporários e voluntários. Em suma, o ensino remoto como o “Uber da Educação”, o qual objetivava utilizar ferramentas tecnológicas para substituição de professores e métodos didáticos. Por fim, apesar de todos estes e outros contratempos, o ensino remoto durante a pandemia foi um mal necessário para não afastar completamente o aluno da escola e o acadêmico da universidade, além de garantir que reuniões organizacionais diversas pudessem acontecer.