Práticas de apoio do pai/companheiro ao aleitamento materno exclusivo na perspectiva da mulher

Abstract

A participação do homem como sujeito ativo na gestação, parto e puerpério colabora para o sucesso do aleitamento materno. O objetivo do estudo foi avaliar as práticas de apoio do pai/companheiro na manutenção do aleitamento materno exclusivo (AME) na perspectiva da mulher. Este estudo trata-se de uma coorte de exposição prospectiva composta por 195 puérperas, recrutadas entre setembro de 2019 à junho de 2021, com seguimento de outubro de 2019 à dezembro de 2021. Na primeira etapa da pesquisa as puérperas foram entrevistadas no alojamento conjunto. Na segunda etapa foi realizado o monitoramento do AME, via contato telefônico, no 15o, 30o, 60o, 90o, 120o, 150o e 180o dias de vida do bebê ou até o desmame precoce. Foi aplicado o instrumento práticas paternas de apoio à amamentação quando ocorreu a interrupção do AME. Para análise estatistica das variáveis coletadas, foi utilizado o teste Qui- quadrado de Pearson. A curva de sobrevida foi estimada pelo método de Kaplan-Meier. A análise bivariada teve como critério de inclusão no modelo uma significância na associação abaixo de 20% (p < 0,20) e permanência no modelo uma significância abaixo de 10% (p < 0,10). A modelagem foi do tipo stepwise forward por bloco de variáveis (socioeconômicas, maternas e de apoio paterno) utlilizando ummodelo de regressão deCox (regressão de Poisson).O software utilizado na análise foi o Stata versão 14. A pesquisa foi executada após aprovaçãodo CEP – HC/UFPE. As participantes do estudo informaram ter recebido práticas de apoio do tipo instrumental (97,8%), emocional (14,2%), presencial (3,5%) e informativo (2,1%). As práticas referentes ao autoapoio não foram citadas pelas puérperas quando questionadas de forma aberta. Aos 180 dias de vida da criança, a incidência do desmame precoce foi 84,7% e aprobabilidade do AME foi de 8,2%. O apoio paterno foi referido por 61,5% das mulheres. A menor idade materna foi associada como risco de deixar o AME. Ter realizado pré-natal em unidade de referência reduziu o risco do desmame precoce em 32%. Sobre as práticas paternasde apoio à amamentação, apenas as questões de apoio emocional e autoapoio tiveram associação significativa. Foi relacionado a um maior risco de desmame precoce: companheiro raramente demonstrar afeto, insistência do companheiro para amamentação, não expectativa positiva sobre AME e puerperas não satisfeitas com o apoio do companheiro (risco aumentadoem 2,19, 2,93, 3,43 e 3,96 vezes, respectivamente). Estes dados apontam para o reconhecimentodo pai como um importante influenciador no processo do AME. O enfermeiro, através da educação em saúde, têm o desafio de introduzir o homem no contexto da amamentação e desmitificar seu papel. Estes achados podem auxiliar na identificação das possíveis potencialidades e fragilidades do apoio do companheiro ao aleitamento materno.