Dessalinização no semiárido pernambucano : uma análise da gestão dos sistemas nos municípios de Riacho das Almas e São Caetano

Abstract

A região semiárida brasileira ao longo dos anos vem enfrentando problemas quanto à disponibilidade hídrica para o abastecimento da população, uma vez que, apresenta regime de chuvas marcado pela insuficiência e irregularidade, exibindo volumes de água escassos em seus mananciais e, sendo também composta por áreas de aquíferos cristalinos de baixa potencialidade hidrogeológica e má qualidade da água. Dessa forma, a utilização de sistemas de dessalinizadores de água, destacam-se como solução para o combate da falta de água potável. Muitas comunidades rurais vêm se beneficiando com o sistema, contudo, dificuldades com a falta de monitoramento, custos elevados de manutenção e operação dos dessalinizadores, acabam afetando na quantidade e qualidade recomendada para o consumo humano. Nesse contexto, o presente estudo propõe-se analisar as condições de operação e gestão de sistemas de dessalinização implantados nos municípios de Riacho das Almas e São Caetano, situados no semiárido pernambucano. Selecionou-se como amostragem 3 dessalinizadores, sendo 2 situados em Riacho das Almas e 1 em São Caetano, visando assim gerar um diagnóstico da sua atual situação. Focou-se a análise quanto aos aspectos de conservação, manutenção e operacionalização dos equipamentos; à qualidade da água; à destinação da água salina; à eficiência da utilização dos sistemas no abastecimento das comunidades e à gestão dos sistemas junto aos governos estaduais e municipais. Dessa forma, realizou-se visitas in loco, aplicação de questionários aos moradores beneficiados e aos gestores. Coletou-se amostras da água do poço, da água dessalinizada e da água concentrada, através de 6 monitoramentos mensais, observando assim o comportamento de seus parâmetros físico-químicos e a eficiência do dessalinizador. Em relação aos sistemas de Riacho das Almas (Salinas e Nova Esperança), todos os usuários entrevistados encontravam-se satisfeitos ou muito satisfeitos, já para a unidade de São Caetano (Enganchada), esta porcentagem era de apenas 50%. Quanto aos valores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD), a comunidade Enganchada ultrapassou nos 6 meses o Valor Máximo Permitido (VMP) da Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (500 ppm) e da Portaria no 888/2021 do Ministério da Saúde - MS (500 ppm), em contrapartida as demais obedeceram ao VMP tanto do CONAMA quanto do MS. Os resultados indicaram que todos os sistemas apresentaram bom desempenho da membrana Osmose Reversa (OR) em termos de Taxa de Rejeição de Sais (TRS) média mensal, dentro da faixa de operação de 90 a 98%. Quanto ao destino da água salina, apenas a unidade Enganchada utiliza uma metodologia sustentável para sua destinação, o tanque de rejeito. Quanto aos governos estaduais e municipais, pôde-se perceber a presença tanto do governo estadual, quanto do municipal, nos dessalinizadores das comunidades Salinas e Nova Esperança, e apenas o municipal na unidade de Enganchada. A partir daí, pode-se concluir que, apenas os sistemas de dessalinização de Riacho das Almas apresentaram-se eficientes, uma vez que seus equipamentos passavam por manutenções regulares. Já o sistema de São Caetano, mesmo com valor elevado de TRS, não obteve resultados satisfatórios em relação à qualidade da água e nível de satisfação pelos usuários. Dessa forma, destaca-se a importância da realização de manutenções periódicas, para que se permita a produção de um permeado com boa qualidade, uma vez que a falta de investimento constante limita uma gestão eficiente.