Uso de smartwatches para identificação de biomarcadores digitais de síndrome da fragilidade em idosos comunitários

Abstract

Introdução: A avaliação adequada da fragilidade em diversos ambientes de saúde é essencial para uma abordagem clínica eficaz. Apesar dos avanços observados nos estudos acerca do uso de smartwatches para identificação de fragilidade, existe uma lacuna na investigação da aplicabilidade desses dispositivos na avaliação da fragilidade. Objetivo: Verificar se a presença de biomarcadores digitais relacionados à Síndrome da Fragilidade em idosos comunitários pode ser identificada através das medidas fornecidas pelos smartwatches. Métodos: Esta dissertação é composta por dois estudos. O Estudo 1 trata-se de uma revisão de escopo com intuito de determinar se medidas fornecidas pelos smartwatches poderiam ser utilizadas como ferramenta de identificação da Síndrome da Fragilidade. Foi realizada uma busca nas bases de dados: COCHRANE LIBRARY, EMBASE, SCOPUS, PUBMED/MEDLINE, LILACS, WEB OF SCIENCE e PEDRO. O Estudo 2 trata-se de um estudo transversal, onde idosos foram avaliados quanto aos critérios de fragilidade (fraqueza muscular, lentidão da marcha, exaustão, baixo nível de atividade física e perda de peso não intencional) e utilizaram um smartwatch durante 7 dias, para obtenção dos parâmetros número de passos e minutos de sono. Foi adotado nível de significância de 95%, α < 0,05, para todas as análises, além da estatística descritiva, foram utilizados testes Qui-Quadrado de Pearson, Teste t de Student ou teste de Mann-Whitney para associação entre características da amostra e a fragilidade. A correlação entre o índice de fragilidade e parâmetros do smartwatch foi obtida através de coeficientes de correlação. A associação entre parâmetros do smartwatch e fragilidade foi explorada por meio de Regressão Logística Bivariada e Regressão Linear Múltipla. Resultados: Com relação ao Estudo 1, foram incluídos 4 estudos que utilizaram medidas diárias de contagem de passos, e três dos quatro também utilizaram dados relacionados ao sono e frequência cardíaca (FC) para avaliar a fragilidade em idosos. Os resultados indicaram que parâmetros de smartwatches (número de passos, dados sobre o sono e FC) têm sido usados para identificar estágios de fragilidade, principalmente associados a condições clínicas específicas. O Estudo 2 demonstrou que a presença de biomarcadores digitais relacionados à síndrome da fragilidade em idosos comunitários não pôde ser identificada através dos parâmetros número de passos e minutos de sono. No entanto, foram encontradas associações significativas negativas entre o número de passos e o baixo nível de atividade física (p = 0,04), número de passos e a fraqueza muscular (p = 0,05) e correlação significativa positiva entre os minutos de sono leve e a presença de exaustão (p = 0,03). Considerações finais: A revisão de escopo sobre o uso de smartwatches na avaliação da fragilidade oferece uma visão significativa do estado atual do conhecimento, destacando tendências e lacunas. O artigo original resultante proporcionou uma contribuição significativa para a literatura científica. A identificação de correlações entre parâmetros dos smartwatches, como o número de passos e minutos de sono leve, com três dos cinco critérios de fragilidade (baixo nível de atividade física, fraqueza muscular e presença de exaustão) sugere a potencial utilidade desses dispositivos na monitorização contínua de aspectos cruciais relacionados à saúde dos idosos.