Saúde pública, doenças emergentes e biotecnologia : sequência de ensino investigativa em tempos de negacionismo à ciência

Abstract

Na educação básica busca-se constantemente o desenvolvimento de estratégias que estimulem a participação ativa dos estudantes em seus processos de ensino-aprendizagem, de modo que possam ser protagonistas na construção dos conhecimentos. Nesse contexto, um dos grandes desafios que as escolas e seus educadores/as enfrentam é sobre os usos das tecnologias digitais como instrumentos que contribuam com esses processos, em virtude de múltiplos fatores. Recentemente, a Saúde Pública vem assumindo destaque especial, sobretudo com a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, em que informações infundadas, também conhecidas como fake news, com a sua gênese, por vezes, em grupos que negam a ciência, tentam desacreditar a produção científica frente à sociedade. Para isso, utilizam-se de diversas formas de veiculação, a exemplo os programas de TV, rádio e as mídias digitais, essa última com alto poder de alcance aos mais variados públicos. Esse contexto tem afetado também o Ensino de Ciências e Biologia nas escolas. Diante do exposto, esse trabalho tem como objetivo analisar as experiências desenvolvidas a partir de uma Sequência de Ensino Investigativa (SEI), mediadas por produções audiovisuais na escola, focando em conteúdos relacionados à Saúde Pública, doenças emergentes, biotecnologias e ao enfrentamento do negacionismo científico. A pesquisa é de natureza aplicada com procedimentos de pesquisa-ação e método qualitativo. A SEI foi realizada com 28 estudantes da 3a Série do Ensino Médio, em uma escola de Ensino Médio Técnico do município de Caruaru/PE. O trabalho foi desenvolvido com dinâmicas diversificadas, priorizando a interação entre os estudantes e o fortalecimento da importância do conhecimento para uma sociedade livre e capaz de discernir entre o fato e o fake. As análises realizadas indicam que a SEI alcançou os objetivos propostos, com resultados significativos em cada etapa desenvolvida. Exemplos disso incluem a qualidade dos materiais didáticos audiovisuais produzidos pelos estudantes, a produção de um Guia Didático com orientações para a replicação desta SEI e a contribuição para que os/as estudantes expandissem os seus conhecimentos sobre as temáticas deste trabalho e aquelas inerentes ao Componente Curricular de Biologia, como o sistema imunológico, agentes patogênicos, saúde e doença, métodos científicos, biotecnologia, entre outros. Observou-se ainda, o fortalecimento do protagonismo dos/as estudantes, seja no aprimoramento da autoaprendizagem ou na resolução de problemas individuais e coletivos, fortalecendo inclusive o trabalho em grupo. Em síntese, considerando que na era digital boa parte da comunicação ocorre através do acesso a vídeos curtos e que essa forma de linguagem vem sendo cada vez mais comum entre os/as jovens, sugere ser pertinente aproveitar essa intimidade, e dentro de um contexto pedagógico, promover o aprendizado e aprimorar o senso crítico dos estudantes.