Avaliação de atividades biológicas e toxicidade de extrato salino e lectina de folhas de Portulaca elatior Mart. Ex Rohrb

Abstract

A biodiversidade brasileira é riquíssima e inclui uma gama de espécies vegetais com potencial biotecnológico. O presente trabalho avaliou bioatividades e toxicidade de extratos salino de folhas e caule de Portulaca elatior, e da lectina de folhas (PeLL). O extrato salino foi obtido utilizando a farinha de folhas e caules de P. elatior para extração em NaCl 0,15 M. Os extratos brutos obtidos foram caracterizados por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE); avaliados quanto à atividade antioxidante (sequestro de DPPH e ABTS+) e determinação da capacidade antioxidante total; e mensuração da atividade fotoprotetora dos extratos por determinação do fator de proteção solar (FPS) in vitro. O extrato de folhas foi selecionado para os testes de toxicidade in vivo (toxicidade aguda oral e toxicidade dérmica) e in vitro (atividade hemolítica). PeLL foi purificada por cromatografia de afinidade em matriz de quitina, e submetida à caracterização da atividade hemaglutinante (AH) e estabilidade molecular em diferentes condições, do peso molecular (PM) e do ponto isoelétrico (pI). O potencial antimicrocrobiano de PeLL foi avaliado contra espécies de Pectobacterium sp. e Candida sp.,; e toxicidade oral aguda in vivo e atividade hemolítica foi esclarecida. Os extratos salinos de folhas e caules de P. elatior possuem em sua composição fenóis, flavonoides, açúcares redutores, terpenos e esteroides; O perfil obtido a partir de HPLC demonstra a presença de 3 picos, ambos com espectros UV's compatíveis com flavonoides nas amostras de extrato de caule e folhas, enquanto apenas SES possui um quarto pico correspondente a um tanino elágico. O extrato de folhas demonstrou maior eficácia em capturar os radicais livres ABTS+ (CI50: 34,15 μg/mL) e DPPH (CI50: 55,44 μg/mL), bem como maior CAT (CI50: 413,3 μg/mL) quando comparado ao extrato de caule (CI50 de 628,80, 2.499 e 9.475 μg/mL ABTS+ DPPH e CAT respectivamente). O extrato de folhas apresentou FPS > 6 nas concentrações de 50 e 100 μg/mL, enquanto o extrato de caule apresentou FPS < 6; além disso não causou morte nem alterações severas nos parâmetros fisiológicos, hematológicos e bioquímicos dos camundongos, bem como apresentou baixa ação hemolítica. PeLL foi purificada em um único pico de proteínas adsorvidas à matriz e foi eluída com ácido acético; Apresentou AH específica de 744,2 (fator de purificação de 1.695 vezes), uma única banda polipeptídica em eletroforese para proteínas nativas ácidas, pI 5,4 e PM de 20 kDa, A AH foi inibida por manose, galactose, Ca2+, Mg2+ e Mn2+, apresentou AH mais expressiva na faixa de pH ácido (3,0–6,0) e se manteve estável mesmo diante do aquecimento a 100°C, embora tenham sido detectadas alterações conformacionais após o aquecimento. A lectina apresentou concentração mínima inibitória (CMI) e concentração mínima bactericida (CMB) de 0,185 e 0,74 μg/mL, respectivamente, para todas as cepas de Pectobacterium sp. avaliadas. Além disso, PeLL apresentou CMI e concentração mínima fungicida (CMF) de 1,48 μg/mL para C. albicans, C. tropicalis e C. krusei; e CMI e CMF de 0,74 e 2,96 μg/mL, respectivamente, para C. parapsilosis. Nenhuma atividade hemolítica in vitro ou sinais de toxicidade aguda in vivo em camundongos foram observados. O presente estudo mostrou que os extratos salinos de caules e folhas de P. elatior demonstraram atividade antioxidante e fotoprotetora. Não apresentando toxicidade aguda oral ou dérmica letal. PeLL não apresentou toxicidade in vitro e in vivo letal demonstrando promissora atividade antimicrobiana.