Uma Revisão Sobre Estratégias Educacionais com Adolescentes em Luto, ou: De Como Devir-Fênix em Educação.

Abstract

A cultura ocidental colocou uma interdição brutal no modo como nos relacionamos com a morte e, consequentemente, com o luto. Muito mais do que “companheira silenciosa”, a morte se tornou “companheira silenciada”. Diante dessa “conspiração do silêncio”, na esteira de pesquisadoras e intelectuais como Maria Julia Kovacs, este trabalho procura quebrar (pelo menos apontar) o problema do silenciamento em torno das experiências de morte, principalmente quando pensando dentro do contexto educacional. Na constante negação de uma pedagogia que pode vir da experiência com a finitude, tudo se passa como se a vivência da perda nada tem a transformar no sujeito que se ensina e na instituição de ensino. Tudo se passa como se na escola não houvesse lugar para o luto uma vez que o imperativo “não se fale sobre a morte!” prevalece. Em função dos argumentos precedentes, este trabalho procurar responder a seguinte questão: quais as estratégias educacionais, no contexto escolar, usadas com adolescentes em luto e em que medida essas estratégias podem contribuir para fazer da educação um exercício estético para renascer das cinzas e elaborar uma política educativa para adolescentes em ruínas? Na intenção de responder essa questão, o objetivo geral desta pesquisa foi realizar, na literatura nacional, uma revisão sistemática sobre as principais estratégias educacionais com adolescentes em luto no intuito de pensar contribuições para um devir-fênix em educação. De forma mais específica, buscou-se mapear, dentre a literatura nacional, as principais estratégias educacionais com adolescentes em luto a fim de identificar e sistematizar como os estudos vem enfrentando a questão. A fim de atingir tais objetivos, esta pesquisa, de natureza qualitativa, foi realizada por meio de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL). Segundo Galvão e Ricarte (2020), essa revisão é fundamental para permitir o acesso a publicações específicas sobre o tema, proporcionando diferentes perspectivas e identificando lacunas na pesquisa. Os resultados apontaram, a partir dos dados dos textos selecionados, que, embora a temática do luto e da morte ainda seja um campo escasso no contexto educacional brasileiro, a literatura levantada mostra que há subsídios significativos e sinaliza estratégias interessantes para que os profissionais da educação ofereçam um suporte adequado aos estudantes adolescentes enlutados enfrentarem suas perdas. Nesse sentido, pudemos concluir que com as estratégias adequadas o contexto educacional tem o potencial de fazer do processo de formação para a morte um trabalho ético, estético e político que contribui para que adolescentes enlutados possam renascer das cinzas e nos ensinar um modo de subjetivação que vem das ruínas.