Vivências e práticas parentais de cuidadores primários de crianças de zero a seis anos: análise a partir da Framework Nurturing Care

Abstract

O Desenvolvimento Infantil (DI) é um processo de maturação, proveniente do relacionamento da criança com o ambiente. Um dos principais aspectos promotores do desenvolvimento se refere às relações entre cuidadores e crianças em atividades diárias. Dentre os fatores que influenciam a parentalidade e as práticas de promoção do DI, consideram-se as crenças, vivências e práticas parentais, pois, apesar da universalidade da função dos pais em criar, educar e proteger os filhos, as práticas parentais podem ser diferentes, de acordo com aspectos culturais, e podem ser modificadas ao longo do tempo. Torna-se relevante conhecer as vivências e práticas parentais em contextos socioculturais distintos, como na realidade brasileira, para que sejam implementados programas e intervenções voltados à promoção do desenvolvimento infantil, com foco nas relações parentais. Objetivo: Descrever vivências e práticas parentais de cuidadores primários de crianças de zero a seis anos, acompanhadas pela Estratégia Saúde da Família, a partir da Framework Nurturing Care. Método: Estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa. Adotou-se como referencial a Framework Nurturing Care, da Organização Mundial da Saúde. A coleta de dados foi desenvolvida com 13 cuidadoras primárias de crianças pertencentes ao território de uma Unidade de Saúde da Família do município do Recife- Pernambuco, de dezembro de 2022 a abril de 2023. A técnica de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, durante visitas da pesquisadora à Equipe de Saúde da Família. Os dados foram transcritos, codificados e classificados em subtemas e temas e, posteriormente, categorizados por meio da análise temática. Resultados: As categorias temáticas foram dispostas a partir do referencial teórico da Framework Nurturing Care, nos eixos: Boa saúde, Nutrição Satisfatória, Cuidados Responsivos, Aprendizagem Precoce, Proteção e segurança. Na categoria Boa saúde, destacaram-se as condições de saúde desde a gravidez, o comportamento e o desenvolvimento das crianças e acesso aos serviços de saúde. Na categoria Nutrição Satisfatória, apontaram-se as práticas de alimentação das crianças e o aleitamento materno. Na categoria Cuidados Responsivos, as participantes compartilharam as relações de cuidado e práticas parentais entre cuidador e criança, e a rede de apoio no cuidado. Na categoria Oportunidades de Aprendizagem Precoce, identificaram-se as condições de aprendizagem da criança, tanto na rotina do ambiente domiciliar, como na vida escolar nas creches e pré- escolas. Na categoria Proteção e Segurança, os cuidadores mencionaram a influência de condições financeiras da família e as oportunidades de lazer da família com as crianças. Conclusão: As vivências e práticas parentais foram contempladas em todos os eixos da framework, mesmo mediante o contexto de vulnerabilidade vividos pelas famílias. As práticas parentais positivas requerem reorganização dos serviços de saúde, a partir da implementação de intervenções que incentivem os cuidados responsivos e o desenvolvimento infantil integral, com foco em melhores práticas parentais.