Potencial neurotóxico dos pesticidas mais utilizados no Brasil: uma revisão da literatura

Abstract

Apesar de serem um pilar na agroindústria brasileira, os agrotóxicos representam um risco à saúde daqueles que os manipulam, inalam ou ingerem. Por ser uma temática pouco elucidada não há setores que quantifiquem as ocorrências de intoxicação. Nesse cenário, o objetivo deste trabalho foi abordar o potencial toxicológico dos agrotóxicos mais utilizados no Brasil, dando enfoque à neurotoxicidade e sua sintomatologia, considerando que a depender do nível de exposição, muitas substâncias podem levar a quadros patológicos irreversíveis. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa, através dos portais periódicos Scielo e PubMed, além do banco de dados Science Direct, utilizando como descritores: pesticides, toxicity, neurology, pesticides, Parkinson's, neurodegeneration and intoxication.Os critérios de inclusão que foram adotados são agrotóxicos de ação neurotóxica e neurodegenerativa, estudo em humanos e potencial toxicológico. Já os critérios de exclusão empregados foram, artigos que não se enquadram no eixo da ação neurotóxica dos agrotóxicos ou na intoxicação por praguicidas, além de estudos realizados em animais.No que se refere aos casos de intoxicação reportados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas (SINITOX), foi observado uma redução gradativa do número de notificações entre os anos de 2012 e 2017, sendo esta a última documentação realizada pelo banco de dados, o que impossibilitou a análise epidemiológica dos últimos 6 anos. Foi constatado nos 9 artigos analisados, que alguns pesticidas possuem ação neurotóxica como é o caso dos organoclorados, carbamatos, piretróides e organofosforados, sendo o último mais correlacionado com neurotoxicidade. A literatura mostra que essas classes podem agir como desencadeadores da doença de Alzheimer (AD), síndrome parkinsoniana e da polineuropatia retardada. Dessa forma, estudos sobre a os efeitos dessas substâncias, a longo prazo são necessários, além da conscientização quanto ao uso de Equipamentos de Proteção individual, pois estes reduzem os níveis de intoxicação.