Emprego da metabonômica baseada em rmn para o monitoramento da resposta ao tratamento de crianças e adolescentes à terapia para controle da rinite alérgica

Abstract

A rinite alérgica é uma condição crônica prevalente em crianças e adolescentes, caracterizada por inflamação na mucosa nasal em resposta a alérgenos. A adesão ao tratamento é fundamental para o controle dos sintomas e melhoria na qualidade de vida dos pacientes. O presente estudo teve como objetivo monitorar, usando uma estratégia metabonômica baseada em espectroscopia de RMN de 1H, crianças e adolescentes em tratamento contra a rinite alérgica. Para o estudo, foram recrutados pacientes com rinite alérgica, inicialmente, separados em dois grupos com base na adesão ao tratamento (boa e má adesão), segundo o autorrelato do paciente ou responsável. Amostras de soro foram coletadas dos participantes e armazenadas para obter perfis metabonômicos. Além disso, foram coletados dados das características demográficas, clínicas e laboratoriais dos participantes. Inicialmente, foi realizada uma análise exploratória usando Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise Hierárquica de Cluster (HCA). Na análise classificatória, utilizou-se Análise Discriminante Ortogonal por Mínimos Quadrados Parciais (OPLS-DA). Os metabólitos mais relevantes para a construção do modelo OPLS-DA foram identificados por meio da importância da variável na projeção (VIP). Em relação aos participantes do estudo (n=25), a idade média foi igual a 8,8 anos, com predominância do sexo masculino. A maioria dos participantes recebeu o diagnóstico de rinite alérgica na forma moderada/grave e asma concomitante. Dos participantes, mais da metade (n=17) relataram adesão ao tratamento. A análise exploratória usando PCA e HCA não apresentou distinção entre os grupos, em função da classificação de Boa ou Má Adesão. No entanto, a HCA identificou dois grupos distintos. Após a análise dos prontuários médicos, verificou-se que a avaliação da hipertrofia do corneto por meio da rinoscopia estava relacionada à tendência de resposta observada nos grupos identificados pela HCA. Assim, os grupos foram nomeados como Grupo RC, composto por 14 amostras de pacientes que apresentaram resposta clínica ao tratamento farmacológico, evidenciada pela involução ou progressão da hipertrofia do corneto, e Grupo RI, composto por 11 amostras de pacientes indiferentes ao tratamento farmacológico, sem melhora ou piora clínica da hipertrofia do corneto. No modelo OPLS-DA, foram identificados 10 metabólitos relevantes que contribuíram para a separação dos grupos. Os metabólitos identificados foram L-arginina, lactato, serina, acetoacetato, alanina e glutamato, que apresentaram níveis séricos mais elevados no grupo que apresentou resposta clínica (RC). Enquanto, VLDL/LDL, N-acetil D-glucosamina, colina e glicose apresentaram níveis séricos mais elevados o grupo de voluntários com resposta indiferente (RI) ao tratamento. Esses resultados sugerem que no grupo RI, há envolvimento do metabolismo lipídico e da colina, enquanto no grupo RC, os processos relacionados a metabolismo de aminoácidos demonstram maior relevância. Os achados do estudo indicam que o autorrelato não é um bom dado de entrada para estudos metabonômicos e podem induzir decisões equivocadas. Também foram observados indícios de que pacientes do grupo RI apresentam um estado mais avançado da doença e estão sendo precocemente identificados pela modelagem metabonômica. Isso pode ser útil para orientar o tratamento de rinite alérgica em crianças e adolescentes.