Representações sociais de pais/responsáveis, professores e profissionais da saúde sobre a classe hospitalar no desenvolvimento da criança com câncer

Abstract

O ensino tem papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Quando privadas do convívio social e familiar por motivos de adoecimento, como as que estão em tratamento oncológico, podem sofrer consequências negativas no seu desenvolvimento. A classe hospitalar objetiva minimizar as perdas decorrentes do afastamento escolar e fornecer estímulos necessários para o desenvolvimento saudável. Diante disso, este estudo teve como objetivo analisar as representações sociais de pais/responsáveis, professores e profissionais da saúde sobre a classe hospitalar no desenvolvimento da criança em tratamento oncológico. Estudo qualitativo fundamentado na Teoria de Rede Social e na Teoria das Representações Sociais, realizado no Núcleo de Apoio à Criança com Câncer, na Escola Hospitalar em Tempo Integral Semear e no Centro de Oncohematologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz. A saturação dos dados foi o critério utilizado para a definição do tamanho amostral e a seleção dos participantes foi intencional. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevistas, conduzidas a partir de formulários semiestruturados à 13 pais de crianças com câncer, 4 professoras e 13 profissionais de saúde. Os dados foram submetidos a Análise de Conteúdo Temática com a utilização do software Iramuteq no processamento dos dados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco. Os dados das entrevistas com cada grupo de participantes geraram três corpus textuais visualizados em seus respectivos dendrogramas. Das informações dos pais/responsáveis que geraram cinco classes, emergiram três categorias temáticas: Repercussões do adoecimento na escolarização e desenvolvimento de crianças com câncer; as práticas pedagógicas e o desenvolvimento de crianças com câncer; e, a humanização do atendimento das professoras e o desenvolvimento de crianças com câncer. Das informações dos profissionais da saúde que geraram seis classes, emergiram quatro categorias temáticas: A escolarização e desenvolvimento de crianças com câncer: perdas e ganhos; a classe hospitalar e a possibilidade de dar continuidade a escolarização de crianças com câncer; Importância da rede social para o desenvolvimento de crianças com câncer; e, a classe hospitalar como forma de humanizar o cuidado à criança com câncer. Das informações das professoras que geraram seis classes, emergiram três categorias temáticas: Repercussões do afastamento escolar e a importância da continuidade da escolarização para o desenvolvimento das crianças com câncer; práticas pedagógicas realizadas para o desenvolvimento de crianças com câncer; a importância do apoio da rede social para o desenvolvimento da criança com câncer. De uma maneira geral, as representações sociais foram ancoradas na humanização do cuidado, no apoio da rede social, nas repercussões do adoecimento e nos benefícios das práticas pedagógicas realizadas na classe hospitalar para o desenvolvimento das crianças com câncer. A interdisciplinaridade foi vista como fundamental à integralidade do cuidado e a educação em saúde instrumentaliza profissionais e pais quanto ao direito à educação das crianças com câncer. A partir das representações sociais de pais e profissionais, este estudo contribuiu para o reconhecimento da classe hospitalar como instrumento para o desenvolvimento da criança com câncer e forneceu subsídios para intervenções de enfermagem voltadas para este público.